WASHINGTON - As zonas marinhas mortas registraram forte crescimento desde os anos 60, segundo estudo sueco-americano divulgado nesta sexta-feira (15/08). Existem atualmente 400 zonas litorâneas no mundo onde a vida marinha é sufocada pela poluição.
Esses extensos litorais, cujos ecosistemas aquáticos desaparecem pela falta de oxigênio na água, "provavelmente se duplicam a cada 10 anos desde a década de 1960", afirmaram os pesquisadores Robert Diaz do Instituto de Ciências Marinhas do College of William and Mary de Virginia (leste dos Estados Unidos) e Rutger Rosenberg, do departamento de ecologia marinha da Universidade de Gothenburg, na Suécia.
De acordo com o estudo, cerca de 245.000km2 estão afetados pela poluição. "A localização dessas zonas mortas corresponde aos centros onde vive uma grande população e onde há grandes quantidades de substâncias nutritivas", explicou o estudo publicado pela revista Science.
O fenômeno causado por excesso de nutrientes, conhecido como eutrofização, é provocado pela contaminação industrial e o acúmulo nas águas dos fosfatos e nitratos liberados por dejetos. Esse acúmulo de materiais orgânicos provoca primeiro uma proliferação de algas e se decompõe em seguida em micróbios, que consomem o oxigênio da água, matando peixes, crustáceos e destruindo o conjunto de organismos vegetais e animais que vivem no fundo dos mares.
Essa destruição do meio ambiente marinho por hipoxia (falta de oxigênio) ocorre principalmente em águas calmas de estuários.Nos últimos anos, novos litorais foram afetados, principalmente no mar Báltico (hoje a maior zona morta do mundo), no mar Negro, no Golfo do México, no leste da China, e no estreito de Kattegat, na Suécia. Os pesquisadores destacam que a contaminação coloca em risco os cultivos comerciais de peixes e crustáceos perto das costas.
O início - O fenômeno foi observado pela primeira vez na costa adriática nos anos 50. A hipoxia severa de um litoral demora anos para ser controlada, e apenas 4% das zonas mortas mostram atualmente sinais de melhora, afirmou o estudo.
Os dejetos de nitratos, e também a mudança climática, pesarão na evolução das zonas mortas, afirmaram os pesquisadores, pedindo uma gestão mais adequada dos dejetos. As alterações na circulação das águas que acompanham a mudança climática aumentaram a estratificação e a temperatura das águas, condições propícias à diminuição do oxigênio e ao desaparecimento da fauna marinha.