SOCHI - O escudo antimísseis dos Estados Unidos na Europa do Leste "tem por alvo a Federação Russa", afirmou nesta sexta-feira (15/08) o presidente russo Dimitri Medvedev em coletiva de imprensa com a chefe de Governo alemã, Angela Merkel. Medvedev aludiu assim ao fato de os Estados Unidos e Polônia terem fechado na quinta-feira um acordo sobre a instalação de partes do escudo de proteção antimísseis americano na Europa, que certamente aumentará ainda mais a tensão entre a Rússia e o Ocidente.
A respeito do conflito com a Geórgia, enfatizou que a Rússia é a 'avalista' da segurança no Cáucaso e que apoiará a vontade dos povos que vivem nas duas regiões separatistas georgianas. Disse ainda que é improvável que essas regiões, Ossétia do Sul e Abkházia, continuem fazendo parte do Estado georgiano. "Infelizmente, depois do que aconteceu, é pouco provável que os ossetas do sul e os abkházios possam viver num mesmo Estado com os georgianos".
Em função disso, a Geórgia tem que aceitar o plano de paz negociado com o presidente francês Nicolas Sarkozy. Disse ainda que a Rússia não deseja uma deterioração das relações com os ocidentais por causa da crise na Geórgia, mas que responderá como fez na Ossétia do Sul se seus cidadãos forem alvo de novos ataques. Merkel, por sua vez, não evitou criticar o lado russo na crise.
"Considero que a reação da Rússia foi 'desproporcional'", afirmou ao lado de Medvedev, depois de se reunir com ele em Sochi, sul do país. Segundo ela, o ponto de partida das negociações para solucionar o conflito da Ossétia do Sul e da Abkházia deve ser o respeito à "integridade territorial" da Geórgia. Também ressaltou que a aspiração da Ucrânia e da Geórgia de entrar para a Organização do Tratado de Atlântico Norte (Otan) continua vigente, independente do conflito russo-georgiano.