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Em Pequim, especulação imobiliária expulsa artistas pioneiros

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Pequim - A especulação imobiliária e o intenso movimento de turistas expulsaram do Distrito 798 pioneiros como o fotógrafo Shi Guorui, hoje famoso no mundo todo. Ele foi um dos 40 artistas que, na virada do milênio, levou seu ateliê/moradia para o antigo complexo industrial no Noroeste de Pequim - região comparada pela mídia internacional com o Soho nova-iorquino, bairro no qual se concentram galerias e boutiques famosas. Desde o ano passado, viu-se obrigado a buscar outro espaço. E encontrou ali pertinho, a cinco minutos do antigo endereço, a tranqüilidade que buscava para continuar seu trabalho de criação. ;Não valia a pena ficar, encareceu muito e não tenho um espaço comercial, meu trabalho é criar;, justifica. Shi conta que o fenômeno do Distrito 798 transformou a região num grande centro das artes. Além dos já famosos muros do Distrito, em terrenos baldios em torno de uma antiga linha de trem, novos núcleos artísticos explodiram de um ano para cá. Muitos foram construídos especialmente para abrigar ateliês, imitando as fábricas abandonadas de Dashanzi. Ali estão exilados do 798, artistas chineses que estavam fora do país e retornaram e até estrangeiros, como coreanos e japoneses. São mais de 100 ateliês e algumas galerias e lojas. Mas Shi não gosta desse estilo artificial. O badalado fotógrafo chinês escolheu um depósito recente, mas charmoso, para instalar o megalaboratório onde revela, seca e expõe as fotos gigantescas tiradas com uma câmera escura. O trabalho já rodou o mundo, de São Francisco a Buenos Aires, passando pela Bienal de São Paulo. Apesar de ter sido obrigado a mudar de endereço, ele vê aspectos positivos na internacionalização do Distrito 798. Um deles é o fato de trazer, para Pequim, a produção artística do mundo todo. ;A arte contemporânea da China é muito recente e ainda temos muito o que caminhar. As galerias internacionais vêm para cá, mostram o que está sendo feito lá fora, trazem novas técnicas. Os chineses podem aprender com isso e criar seu próprio caminho;, acredita. A transformação de Dashanzi também permite maior visibilidade à produção de arte chinesa. ;Antes do 798 era tudo muito mais difícil. Hoje, o mercado para a arte chinesa é muito grande, há muitos colecionadores interessados;, revela. E confidencia que a cotação de suas fotos em negativo, tiradas em oito horas de exposição, subiu de US$ 10 mil para US$ 45 mil. Com o sucesso, Shi passa apenas seis meses do ano em Pequim. O resto, gira o mundo expondo e fotografando horas a fio ; na agenda dos próximos projetos, Nova Iorque e Dubai. ;Nos últimos 10 anos, a economia chinesa está despertando a atenção do mundo e muitos países passaram a olhar para o que está acontecendo na China, o que as pessoas estão fazendo na China. Por isso o 798 se desenvolveu e, por isso, cada pessoa que trabalhava aqui se beneficiou desse lugar;, afirma. É assim que se move o gigante asiático.