TBILISI - Os governos de Rússia e Geórgia aceitaram um plano promovido pela França, com o objetivo de restaurar a paz na região, anunciou, de lá, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, nesta quarta-feira (13/08, horário local).
"Há um texto aceito por Moscou e pela Geórgia", declarou Sarkozy há pouco, em entrevista à imprensa ao lado do presidente Mikheil Saakashvili em Tbilisi. "Tenho a concordância de todos os protagonistas", acrescentou Sarkozy, que também é presidente de vez da União Européia. Segundo Sarkozy o texto aprovado é uma versão modificada do original.
Na conferência, Saakashvili frisou que seu governo não permitirá que a integridade territorial da Geórgia seja posta em dúvida por nenhum acordo de paz. "Nossa integridade territorial e o pertencimento da Ossétia do Sul e da Abkházia à Geórgia nunca poderão ser questionados", afirmou Saakashvili, ao lado de Sarkozy.
O presidente georgiano insistiu em que a perspectiva de discussões posteriores sobre o estatuto de Abkházia e Ossétia do Sul, prevista no documento de seis pontos de Sarkozy, foi anulada. "Não queremos deixar nenhuma dúvida sobre a integridade territorial e a quem pertence Ossétia do Sul e Abkházia. A Geórgia nunca será posta em dúvida por qualquer tipo de processo internacional".
O sexto ponto do plano previa a abertura de discussões internacionais sobre o status futuro e as modalidades de segurança durável, na Abkházia e na Ossétia do Sul.
Segundo Sarkozy, "a modificação foi aceita pelo presidente (russo) Medvedev". De acordo com o texto aprovado, as partes russa e georgiana devem se comprometer a não "recorrer à força", a "cessar as hostilidades de maneira definitiva" e a garantir um "acesso livre à ajuda humanitária".
Além disso, as forças georgianas devem retornar para "seu lugar habitual de acantonamento", enquanto o Exército russo deve se retirar "até as linhas anteriores à deflagração das hostilidades", declarou Sarkozy.
Sarkozy, que deixou claro que a União Européia (UE), cuja presidência rotativa é exercida pela França, está "disponível" para participar de uma força de paz na Geórgia, também considerou que há "um compromisso russo de garantir" a soberania da Geórgia, um ponto que "não é objeto de qualquer ambigüidade".
O presidente russo declarou que "o caminho está livre para uma normalização, por etapas, da situação na Ossétia do Sul", considerando que, a partir de agora, "tudo depende de Tbilisi", para onde o chefe de Estado francês viajou, nesta terça, para continuar sua mediação.
A Ossétia do Sul e a Abkházia, outra região separatista pró-russa da Geórgia, proclamaram sua independência depois da queda da União Soviética, em 1991. No entanto, essa independência não foi reconhecida pela comunidade internacional.