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Rússia bombardeia Geórgia e diz que assumiu controle da Ossétia do Sul

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TBILISI - A Rússia voltou a bombardear nesta segunda-feira (11/08) localidades georgianas e assegurou ter assumido o controle quase total da região separatista pró-russa da Ossétia do Sul, cuja capital Tsjinvali também foi alvo da artilharia da Geórgia. O Estado-Maior russo anunciou, além disso, sua intenção de posicionar 9.000 soldados na Abkházia - outra região separatista pró-russa da Geórgia - e advertiu que todos os navios, submarinos e aviões que se aproximarem do território abkházio pelo Mar Negro serão destruídos. As últimas notícias davam conta de que as forças russas ocuparam uma base militar georgiana em Senaki (oeste), perto da região separatista da Abkházia na Geórgia. A artilharia georgiana, por sua vez, teria voltado a abrir fogo nutrido contra a Ossétia do Sul, indicou nesta um representante dessa região separatista da Geórgia, citado pela agência Interfax. Além disso, a Geórgia reduziu em 30% o volume de fornecimento do gás russo que transita por seu território para a Armênia, anunciou uma porta-voz da companhia de gás armênia ArmRosgazprom. Enquanto isso a diplomacia internacional tenta frear a escalada bélica. Apesar das notícias da continuidade dos ataques georgianos, o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, assinou européia de paz com a Rússia que agora será submetida a Moscou, informou um alto funcionário da segurança georgiana. Saakashvili, o ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, e o chanceler finlandês Alexander Stubb assinaram um documento que é um resumo de uma proposta de paz, segundo informou o secretário do Conselho de Segurança, Alexander Lomaya. "O documento será apresentado ao presidente russo", acrescentou. Os chanceleres dos países do G7, por sua vez, pediram à Rússia que aceite o cessar-fogo proposto pela Geórgia, segundo uma fonte do departamento de Estado americano. Os ministros do G7, integrado pelo sete países mais industriados (menos a Rússia) indicaram, em coletiva de imprensa, que entendiam que a Geórgia assinou um acordo de cessar-fogo e pediam à Rússia que o aceitasse imediatamente. O presidente russo Dimitri Medvedev anunciou que a maior parte das operações na região havia terminado, mas advertiu, em uma declaração transmitida pela televisão, que a Rússia jamais será um "observador passivo da situação no Cáucaso". Ele enfatizou, no entanto, que seu país fará de tudo para normalizar a situação na Ossétia do Sul. Em seguida, pediu à Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) para que envie uma missão para Ossétia do Sul e falou a respeito num telefonema à presidente finlandesa, Tarja Halonen, cujo país está atualmente na presidência rotativa da OSCE. O representante permanente da Rússia ante à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Dimitri Rogozin, anunciou à imprensa ter pedido aos dirigentes da Aliança Atlântica uma reunião da Otan-Rússia para terça-feira. "Insistimos que a reunião aconteça nesta terça, data em que a ministra georgiana das Relações Exteriores se reúne com dirigentes da Otan", acrescentou. A reunião pedida pela Rússia seria a nível de embaixadores. A chanceler georgiana, Eka Tkeshelashvili, se reunirá na terça com o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer. O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, por sua vez, acusou os Estados Unidos de tentarem perturbar as operações mililtares russas na Geórgia usando seus aviões para transportar as tropas georgianas do Iraque para as zonas em conflito. "É uma lástima que alguns de nossos aliados não nos ajudem e tentem, inclusive, nos perturbar, e com isso me refiro principalmente ao deslocamento do contingente militar da Geórgia no Iraque para a zona de conflito (oseta) pelos Estados Unidos e seus aviões de transporte militar", declarou Putin durante uma reunião do governo difundida pela televisão. A situação humanitária na Ossétia do Sul e na Geórgia é muito grave, de acordo como Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) que está se preparando para enviar de avião 15 toneladas de medicamentos e material médico a estes lugares. "O CICV recebeu informações sobre o aumento do número de mortes entre civis, a violência está se propagando para além da Ossétia", indicou a organização em um comunicado. "Os combates foram muito intensos para que possamos chegar ao local e distribuir ajuda e, por isso, continuamos pedindo um acesso seguro a todas as zonas afetadas pelo conflito", declarou um porta-voz da organização. A organização indicou igualmente que quer repatriar o corpo de um piloto russo morto nos combates.