SEUL - O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou nesta quarta-feira (06/08) em Seul que ainda é cedo para tirar o regime sul-coreano do "eixo do mal" e pediu que os direitos humanos sejam respeitados na Coréia do Norte e na China, embora tenha se negado a politizar os Jogos Olímpicos (JO).
Em entrevista à imprensa após encontro com seu colega sul-coreano Lee Myung-Bak, Bush lançou uma mensagem enérgica dirigida ao líder norte-coreano Kim Jong Il, afirmando que ele continuará dirigindo "o regime mais sancionado do mundo" somente se cumprir com os compromissos de desarmamento nuclear.
Bush foi acusado de ignorar os antecedentes da China em termos de direitos humanos, ao anunciar que assistirá à abertura dos Jogos Olímpicos na sexta-feira. No entanto, afirmou que não precisa das Olimpíadas para manifestar suas opiniões sobre questões religiosas e outras liberdades.
"Venho me reunindo há sete anos e meio com os líderes chineses e minha mensagem sempre foi a mesma: vocês não devem temer as pessoas religiosas de sua sociedade", declarou Bush. "Na realidade, as pessoas religiosas farão com que sua sociedade seja um lugar melhor", completou. "Os Jogos Olímpicos são um acontecimento esportivo", declarou. "Mas também são uma oportunidade para dizer ao povo chinês que respeitamos suas tradições e respeitamos sua história", acrescentou.
Os dirigentes chineses "devem permitir que as pessoas possam expressar suas opiniões e, se as pessoas não o podem fazer e não podem ter uma atividade religiosa livremente, isso é um erro", destacou. As declarações mais severas de Bush foram para a Coréia do Norte.
"Estou preocupado com o histórico da Coréia do Norte em termos de direitos humanos. Estou preocupado com suas atividades de enriquecimento de urânio, assim como por seus testes nucleares, pela proliferação e por seus programas de mísseis balísticos", disse. "A melhor forma de dar enfoque e responder a estas preocupações são fortes medidas de verificação. É por isso que participamos nas conversas a seis", afirmou.
Desde 2003, a Coréia do Sul e os Estados Unidos, assim como a China, o Japão e a Rússia, negociam o desarmamento nuclear com a Coréia do Norte, que em outubro de 2006 testou uma arma atômica. Em junho passado, a Coréia do Norte deu detalhes sobre seu programa de fabricação de bombas nucleares de plutônio, como parte de um acordo concluído pelas seis nações, e Bush anunciou sua intenção de tirar esse país da lista dos que apóiam o terrorismo.
No entanto, os EUA insistem que primeiro a Coréia do Norte de encontrar formas de provar sua declaração. "Nenhum lugar no mundo mostra mais claramente o contraste entre as sociedades livres e abertas, e as sociedades repressivas fechadas, como a Península Coreana", disse Bush em um discurso às tropas na base americana de Yongsan, em Seul.
A Coréia do Sul mobilizou cerca de 23 mil policiais durante a visita do presidente americano, depois de meses de manifestações contra a retomada da importação de carne bovina americana. Bush embarcou nesta quarta-feira rumo à Bancoc, onde quinta-feira fará outro discurso. Segundo o texto do pronunciamento, divulgado antecipadamente pela Casa Branca, Bush manifestará sua oposição à detenção de dissidentes na China e defenderá o fim da tirania na Birmânia.