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Rússia critica Bush por equiparar males nazistas ao soviéticos

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A Rússia disse neste sábado que o presidente norte-americano, George W. Bush, insultou os veteranos da Segunda Guerra Mundial ao equiparar os males do comunismo soviético com os do fascismo nazista. O Ministério das Relações Exteriores disse que Bush colocou o fascismo nazista e o comunismo soviético como "um único mal", "machucando o coração" dos veteranos da Segunda Guerra Mundial na Rússia e nos países aliados, incluindo os Estados Unidos. "Embora condenemos o abuso de poder e a dureza injustificada das políticas internas do regime soviético, nós não podemos ser indiferente às tentativas de equiparar o comunismo ao nazismo, nem concordamos que eles foram inspirados nas mesmas idéias e objetivos", afirmou o ministério em comunicado para marcar a Semana das Nações Cativas, um evento anual. Bush assinou um manifesto publicado em 18 de julho no qual ele pediu que a população norte-americana reafirmasse seu comprometimento com o avanço da democracia e com a defesa da liberdade em todo o mundo. "No século 20, os males do comunismo soviético e do fascismo nazista foram derrotados e a liberdade se disseminou pelo mundo, com novas democracias surgindo", dizia o manifesto, segundo cópia publicada no website da Casa Branca, www.whitehouse.gov. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que os comentários de Bush eram parte de uma tentativa de reescrever a história nos Estados Unidos. "Tais avaliações simplesmente alimentam os esforços daqueles que, por motivos políticos e egoístas, estão tentando falsificar os fatos e reescrever a história", disse o ministério. A Rússia é extremamente sensível ao que o Kremlin considera reescrever a história sobre o papel da União Soviética na Segunda Guerra Mundial, que os russos chamam de Grande Guerra Patriótica. Os russos vêem a vitória sobre a Alemanha como um momento decisivo na sua história e são imensamente orgulhosos pelo Exército Vermelho ter expulsado as forças alemãs do Leste Europeu. A guerra custou a vida de 20 milhões de soviéticos. Mas muitas pessoas no Leste Europeu associam a chegada dos soldados do Exército Vermelho ao início do regime soviético, durante o qual milhares de pessoas foram presas e mandadas para campos de trabalhos forçados e seus governos eram dirigidos por Moscou.