PEQUIM - Os autoproclamados "Jogos Olímpicos Verdes" não resolverão os problemas ambientais da China, mas poderiam sinalizar o caminho para um futuro mais sustentável nesse imenso país, afirmaram fontes oficiais e especialistas.
Como parte de seus esforços para tornar ecológicos os Jogos Olímpicos do próximo mês de agosto, mais de 25% da energia utilizada nas instalações olímpicas virá de fontes alternativas.
Isto significa que a água quente das duchas dos atletas procederá de placas solares. A água das chuvas será usda nos sistemas de alimentação e a iluminação urbana será fornecida por painéis foto-elétricos instalados nos tetos e paredes dos estádios.
Fora da cidade se instalarão turbinas para a produção de energia eólica para as instalações olímpicas, o que proporcionará uma economia de energia de mais de 50% em algumas destas instalações.
Os céticos assinalam que as energias renováveis representam apenas 3% do consumo total de energia da China. O consumo de carvão continua aumentando em todo o país.
O número de carros que circulam pelas ruas da cidade aumenta em 1.000 por dia. "Mas esse não é o assunto", diz Rory McGowan, que participou do projeto do estádio Olímpico, o 'Ninho de Pássaro', e do 'Cubo de água' da natação.
"A China caminha para o futuro com o gasto energético aumentando e as fontes de energia diminuindo. Assim, está procurando um futuro sustentável e tem os Jogos Olímpicos como guia", explicou McGowan.
Durante décadas, o incontível crescimento do país a todo custo provocou sérios danos ao meio-ambiente. No ano passado, o primeiro-ministro Wen Jiabao assegurou que reduzir o consumo energético e a poluição eram "tarefas muito importantes".
Mas desde então, pouco mudou e a China é, junto com os Estados Unidos, o maior emissor de gases do mundo. O objetivo de fazer os Jogos verdes pode ajudar a mudar a atitude das pessoas e reverter a tendência, assegura Ding Jianming, engenheiro-chefe adjunto do órgão responsável pela construção olímpica.
"Os Jogos verdes nos mostram um caminho para o futuro", afirmou Ding. "Estabelecerão as bases para a futura construção de projetos em Pequim e em outros lugares. E será um dos principais legados destes Jogos", acrescentou o engenheiro.
Liu Yingling, diretor do programa chinês do Worldwatch Institute de Washington, responsável pelo acompanhamento da situação ambiental, assegura que a conversão da China às energias sustentáveis pode ser tardia, mas é genuína.
"Não se trata de palavras vazias, mas de aquisições concretas", disse. "O governo chinês tem uma vontade política sincera, e se trata de uma das maiores prioridades do país para sustentar a economia do país", acrescentou.
A energia ecológica tem um sentido econômico para a China, apesar de seus pobres resultados ambientais, posto que é o líder mundial em várias tecnologias de energias renováveis.
Liu explicou que a China é líder na fabricação e consumo de aquecedores solares de água, assim como de placas foto-elétricas, de bombas de pequeno consumo energético e na instalação de turbinas eólicas.
Mas até agora a maioria das tecnologias que respeitam o meio-ambiente são destinadas unicamente para a exportação, já que são muitos caras para a população chinesa.
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