WASHINGTON - Desde sua criação, em 26 de julho de 1908, o FBI, a Polícia Federal americana, passou de uma dezena de investigadores a mais de 30 mil policiais, adquirindo em um século o estatuto de lenda mundial. Os nomes de J. Edgar Hoover - o homem que comandou o FBI durante quase 50 anos, inclusive durante a Segunda Guerra Mundial e o período tumultuado do movimento pelos direitos cívis - e Eliott Ness, o agente que derrotou o famoso gângster Al Capone, ficaram nas memórias.
O FBI inspirou muitos filmes de Hollywood, como "O Silêncio dos Inocentes" (1991) com Anthony Hopkins e Jodie Foster. A Polícia Federal americana também é connhecida por sua longevidade, sua capacidade de evoluir ao longo do tempo e os casos que elucidou com sucesso.
O FBI foi criado pelo ministro americano da Justiça Charles Bonaparte, membro da família do imperador francês Napoléon Bonaparte que tinha se instalado em Baltimore, no estado de Maryland (leste dos EUA) e que precisava de detetives para investigar os crimes federais, explicou o historiador do FBI, John Fox. "Nos seus primeiros dias, o FBI estava encarregado de cerca de 20 casos, que iam das investigações criminais federais às responsabilidades ligadas à segurança nacional", prosseguiu.
"Com o tempo, à medida que o Congresso decidia que uma coisa ou outra ia constituir uma violação da lei criminal federal, nossas competências foram ampliadas. Elas também aumentaram com as crises de segurança nacionais como as duas guerras mundiais", acrescentou Fox. O FBI começou a atrair a atenção das pessoas nos anos 30, quando os Estados Unidos foram assolados por uma onda de criminalidade provocada pelos tempos difíceis da Grande Depressão. "O FBI se tornou famoso por ter derrubado Dillinger e outros criminosos", destacou John Fox.
Foi na época dos célebres bandidos John Dillinger e Machine Gun Kelly que os agentes do FBI começaram a ser chamados de "G-Men" (Government Men, literalmente os homens do governo), um apelido ainda utilizado hoje. Porém, foi a Segunda Guerra Mundial que provocou o maior aumento dos efetivos. De algumas centenas de agentes, o FBI passou a contar quase 13.000.
Desde então, o número de agentes não aumentou muito, mas a fama do FBI permaneceu, graças sobretudo aos sucessos obtidos e aos filmes e seriados que inspirou. Por exemplo, o papel desempenhado pela Polícia Federal na detenção dos membros do Ku Klux Klan que haviam matado três militantes da luta pelos direitos cívicos inspirou diretamente o filme "Mississippi em Chamas" (1989).
A lista dos 10 suspeitos mais procurados, elaborada nos anos 50, também é considerada um grande sucesso. Mais de 400 pessoas freqüentaram esta lista, e 95% dos fugitivos foram presos, destacou John Fox. Atualmente, o homem mais procurado do mundo é Osama bin Laden, líder da rede Al-Qaeda, que entrou na lista logo depois dos atentados com bomba de 1998 contra as embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia.
Foragido há dez anos, sua presença na lista lembra, como ressaltou um relatório do departamento da Justiça em 2005, a incapacidade do FBI de antecipar o projeto dos atentados de 11 de setembro de 2001 e impedir sua execução. Trata-se do maior fracasso da Polícia Federal americana até hoje.