BUENOS AIRES - A costa atlântica sul-americana está passando por uma onda incomum de calor em pleno inverno austral, com temperaturas próximas aos 30 graus Celsius, muito superiores ao habitual nesta época do ano.
Acostumados a temperaturas abaixo dos 10 graus, num mês de julho típico, os moradores de Buenos Aires ou Montevidéu deixaram de lado casacos, gorros e cachecóis mexendo nos armários em busca de roupas mais estivais.
Foram muitos os que foram às praças, parques e até praias para aproveitar o pouco habitual "veranico" que tomou de surpresa uma região que no ano passado sofreu um dos invernos mais frios das últimas décadas.
Em Buenos Aires, a temperatura chegou na terça-feira a 28,6 graus Celsius e no norte do Uruguai os termômetros marcaram entre 28 e 30 graus Celsius.
No sul do Brasil, as temperaturas estavam próximas dos 25 graus em média, ou cinco graus acima da média máxima observada nesta época.
O mês de julho de 2008 "estará certamente entre os 20 mais quentes do inverno austral na Argentina de acordo com a temperatura média", que será divulgada no final do mês, disse à AFP Liliana Núñez, previsora do Serviço Meteorológico Nacional (SMN).
Núñez lembrou o inverno do ano passado, uns dos mais frios, com a histórica nevasca de 9 de julho de 2007 em Buenos Aires, algo que não acontecia em 89 anos.
No entanto, estimou que "este episódio isolado, com quatro ou cinco dias de temperaturas elevadas em julho, não pode ser relacionado com a mudança climático".
Segundo ela, desde que o SMN começou a medição de temperaturas em 1906, os registros superaram o nível alcançado nesta terça-feira em quatro oportunidades.
No sul do Brasil, a meteorologista da empresa Climatempo estimou que "a região está numa fase neutra na qual não estão influindo os fenômenos el Niño e la Niña".
"Tivemos um começo de inverno muito frio devido a la Niña. O pior do inverno já passou. Não são esperadas mais que algumas massas polares em alguns dias de agosto e setembro", previu.