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Bispos discutem futuro da Igreja anglicana à beira de um cisma

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CANTERBURY - Cerca de 600 bispos anglicanos iniciaram nesta quarta-feira (16/07), em Canterbury (sudeste da Grã-Bretanha), um conclave de três semanas para discutir o futuro de sua Igreja à beira de um cisma pela questão da ordenação de mulheres e homossexuais como bispos. A "Conferência de Lambeth", que acontece a cada dez anos, é a única que reúne todos s bispos e arcebispos do mundo anglicano, que conta com 77 milhões de fiéis o mundo. Mas quase um quarto dos cerca de 800 bispos dessa fé decidiram não comparecer ao encontro por causa das profundas divergências em relação às decisões tomadas por sua Igreja nos últimos anos. Os prelados mais tradicionalistas, particularmente inúmeros na África, não estarão presentes; bispos norte-americanos, britânicos e australianos também questionam a autoridad do chefe da Igreja anglicana, o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams. Williams tentará voltar a estreitar os laços entre os membros de sua Igreja, enquanto que os observadores já evocam um cisma iminente entre tradicionalistas e liberais. A pedra da discórdia foi a ordenação, em 2003, pela igreja americana de um bispo abertamente homossexual. Os conservadores afiram que tais ordenações são contrárias à Bíblia. Esse controvertido bispo de New Hampshire, Gene Robinson, não foi convidado a Canterbury, mas anunciou que assistirá às reuniões paralelas à conferência. A luz verde dada na semana passada à ordenação de bispas na igreja da Inglaterra, já em vigor nos Estados Unidos, pode ampliar as divisões. Cerca de 300 bispos e arcebispos conservadores já anunciaram ao fim de uma cúpula em Jerusalém, no final de junho, a formação de uma nova comunhão dentro da Igreja anglicana que não reconhece a autoridade do arcebispo de Canterbury. Estes religiosos dizem representar mais da metade dos anglicanos do mundo.