JERUSALÉM - Israel autorizou a troca de prisioneiros com o movimento xiita libanês Hezbollah, cuja aplicação começará quarta-feira, anunciou o vice-primeiro-ministro Eli Yishai. "O governo chegou a um acordo", declarou à imprensa Yishai, que também é ministro de Indústria e Comércio do governo de Ehud Olmert. O acordo alcançado graças à mediação alemã sob o mandato das Nações Unidas, foi aceito pela grande maioria dos membros do governo, indicou à AFP uma autoridade israelense que preferiu não revelar sua identidade.
Dos 25 ministros, apenas três votaram contra: os ministros Roni Bar On (Finanças), Daniel Friedman (Justiça) e Zeev Boïm (Habitação). Ehud Barak, ministro da Defesa, agradeceu à Alemanha e às Naciones Unidas por sua contribuição para a assinatura do acordo. Barak anunciou que Israel continuará investigando para determinar o destino de Ron Arad, soldado israelense desaparecido no Líbano depois da queda de seu avião nesse país em 1986.
"É um preço muito mais baixo do que os que pagamos no passado. Com toda a dor inerente a esse acordo, não queremos que as famílias de Regev e Goldwaser passem pela mesma situação que a de Arad", acrescentou Yishai. O acordo estipula que os israelenses, por meio do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), devolverão para o Hezbollah cinco presos libaneses, em troca de dois soldados israelenses, Ehud Goldwasser e Eldad Regev, capturados em julho de 2006 pelo Hezbollah, que o governo israelense acredita que estejam mortos.
Isaac Herzog, ministro de Assuntos Sociais, considerou que Israel deveria "fazer todos os esforços possíveis para obter mais informações acerca do destino de Ron Arad e garantir a libertação de Gilad Shalit", soldado israelense capturado em 2006 na fronteira da Faixa de Gaza por um comando palestino. Esse acordo de troca de prisioneiros é o oitavo entre Israel e o Hezbollah.
O ministro dos Transportes, Shaul Mofaz, ex-ministro da Defesa, afirmou que está convencido de que o líder do Hezbollah, Nassan Nasrallah "sabe o que aconteceu com Ron Arad". Mas que a obrigação moral dos israelenses é "trazer Eldad (Regev) e Ehud (Goldwasser) para casa", acrescentou. Essa reunião excepcional do governo começou às 10h locais (4h de Brasília) e terminou às 13h locais (7h de Brasília).
A captura, no dia 12 de julho de 2006, pelo Hezbollah de dois militares em território israelense, em meio a uma chuva de foguetes lançados pelo movimento xiita contra o norte de Israel, desencadeou um conflito armado de 34 dias que devastou o Líbano. Após a autorização do governo, o ministro da Justiça deve informar ao presidente Shimon Peres para que possa conceder sua graça aos respectivos presos libaneses.