SYDNEY - O Papa Bento XVI se dedicará nesta segunda-feira (14/07) a descansar depois de chegar a Sidney na véspera para participar das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ). O Sumo Pontífice relaxará em uma casa de campo, onde praticará seu passatempo favorito, o piano, acompanhado por uma gatinha, a Bella, que lhe foi presenteada por seus fiéis.
Na propriedade de campo, a Kenthurst Study Centre, pertencente à Opus Dei, o Papa, de 81 anos, pretende se recuperar da longa viagem de avião e se adaptar à mudança de fuso horário antes de seu primeiro encontro com os jovens católicos do mundo inteiro, que terá lugar na quinta-feira, no Porto de Sidney.
Cerca de 125 mil delegados da JMJ chegados de todos os continentes começaram a invadir Sydney, à espera da missa que abrirá o evento em Barangaroo, uma imensa esplanada peto do centro, na tarde desta terça. O Papa só se reunirá com eles na tarde de quinta, quando será recebido com uma grande festa de boas-vindas depois de saudar oficialmente as autoridades australianas pela manhã.
De acordo com os organizadores, a congregação constitui o maior evento de 2008 depois das Olimpíadas de Pequim. "Trata-se da maior congregação humana deste ano depois das Olimpíadas de Pequim", declarou Kristina Keneally, ministra do Estado de Nova Gales do Sul, cuja capital é Sidney.
"Para a Austrália, o evento é até maior que as Olimpíadas de Sydney" em 2000, afirmou. Para o padre Mark Podesta, porta-voz das JMJ, os diferentes eventos, todos gratuitos, também vão atrair ateus e fiéis de outras religiões. "Não se trata de converter as pessoas, ou de recrutá-las. É uma celebração da juventude", explicou. "Alguns momentos são religiosos, mas os eventos, sobretudo o festival da juventude, são abertos para todos", acrescentou.
As JMJ de Sydney são as 23ª desde sua criação, em 1986, por João Paulo II, e a décima congregação mundial depois de Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (Espanha, 1989), Czestochowa (Polônia, 1991), Denver (Estados Unidos, 1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma, (2000), Toronto (Canadá, 2002) e Colônia (Alemanha, 2005). Após cinco anos de preparação, o governo australiano afirmou que os serviços de saúde, de transporte e de polícia estão prontos para receber os visitantes.
Apesar das críticas envolvendo o custo do evento e as ajudas públicas, as perturbações esperadas da circulação e as posições do Papa sobre a homossexualidade ou a contracepção, os organizadores prevêem JMJ sem incidentes. Esta viagem de Bento XVI é a nona em três anos. Ele é o terceiro Papa a viajar à Austrália depois de João Paulo II (em 1986 e em 1995) e Paulo VI (em 1970).
A bordo do avião que o levava para Sydney, o Papa ressaltou aos jornalistas que a questão da ecologia será muito presente durante estas 23ª JMJ, que têm como tema o Espírito Santo. "Falar do Espírito Santo é falar da criação e de nossa responsabilidade perante a criação", comentou. É preciso "despertar as consciências", declarou o Papa, que transformou a defesa do meio ambiente em um dos principais eixos de intervenção de seu pontificado.
Também muito aguardado na Austrália sobre a questão dos abusos sexuais cometidos pelos padres, ele declarou: "Temos que examinar o que foi insuficiente em nosso comportamento e de que forma podemos prevenir, curar e reconciliar". "Este será o conteúdo da mensagem que vamos transmitir, ao mesmo tempo que nosso pedido de desculpas", acrescentou. "Ser padre é incompatível com abusos sexuais, com um comportamento contrário à santidade", sentenciou o Papa.