HAVANA - O presidente Raúl Castro advertiu na sexta-feira (11/07) que o povo cubano enfrentará tempos difíceis com o "inevitável" impacto da crise econômica internacional sobre "determinados produtos e serviços".
"É inevitável que soframos um certo impacto em determinados produtos e serviços" destinados à população, disse Castro ao encerrar a primeira sessão do ano no Parlamento.
"Para importar o mesmo volume de alimentos que em 2007, este ano vamos gastar mais US$ 1,1 bilhão", revelou o presidente, em referência à alta internacional dos preços, que afeta diretamente uma ilha cuja produção nacional é insuficiente.
Raúl Castro destacou que a resposta à exigência social de aumento dos salários "dependerá da situação econômica do país, inevitavelmente ligada à crise existente hoje no mundo, que pode, inclusive, se agravar". "É meu dever expressar isto francamente, pois não seria ético criar falsas expectativas. Dizer o contrário seria enganá-los".
"Gostaria de ir mais rápido, mas é necessário atuar com realismo". Para atingir a meta do aumento salarial, será preciso "ordem, controle (...) eficiência, poupança e se evitar roubo e desvio de recursos".
Também "teremos de eliminar as gratuidades indevidas e o excesso de subsídios", além de aplicar "um adequado sistema de impostos e contribuições".
"Socialismo significa justiça social e igualdade, mas igualdade de direitos, de oportunidades, não de salários. Igualdade não é igualitarismo. Este, em última instância, é também uma forma de exploração.
"Há que olhar para a terra, fazê-la produzir (...) Não poderá ficar um só hectare sem semear", disse Raúl Castro, ao convocar o povo cubano para "reverter definitivamente a tendência de queda da área cultivada" em Cuba, que entre 1998 e 2007 sofreu uma redução de 33%.
Raúl anunciou que diante da falta de mão-de-obra e do envelhecimento da população, fará uma consulta popular sobre o aumento da idade mínima para a aposentadoria, que passaria de 60 a 65 anos para os homens, e de 55 a 60 para as mulheres.
O presidente revelou ainda que estuda a possibilidade de autorizar mais de um emprego para cada trabalhador, a fim de aumentar a renda pessoal.
Apesar das novas medidas, Raúl descartou qualquer reforma em direção ao capitalismo, afirmando que "admira a grande empresa socialista, incluindo as agropecuárias". "Não renunciaremos a elas".
Raúl destacou que as novas medidas têm o total acordo do seu irmão e líder cubano, Fidel Castro: "Está totalmente de acordo (...) Disse que está perfeito".