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EUA: reais, ou fictícios, lançamentos de mísseis iranianos devem parar

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WASHINGTON - O governo americano disse, nesta quinta-feira (10/07), duvidar de que o Irã tenha testado o número de mísseis anunciado, mas insistiu em que isso não muda em nada o fato de que a República Islâmica deve parar com esses atos de "provocação", em pleno momento de tensão no Golfo. A administração Bush reafirmou sua vontade de resolver "pacificamente" a crise iraniana, mas preveniu o Irã de que os EUA defenderão Israel e seus aliados nessa região estratégica, além de reforçar seu dispositivo de segurança no Golfo. De acordo com o site da TV iraniana, o Irã fez, nesta quinta, durante manobras militares, testes de mísseis terra-mar, terra-terra e mar-terra. Na quarta, o Irã já teria, segundo a imprensa local, lançado nove mísseis, entre eles um Shahab-3, com capacidade suficiente para atingir Israel, grande aliado dos EUA. Veracidade dos teste Sérias dúvidas surgiram, desde então, sobre a veracidade desses testes. Em relação à quarta-feira, os EUA detectaram o lançamento de sete mísseis, incluindo o Shahab-3, comentou um funcionário de alto escalão do Departamento de Defesa americano, que pediu para não ser identificado. Quanto a essa quinta-feira, ele acredita que possa ter havido um único teste. "Parece que um míssil foi lançado hoje (quinta), mas esse pode ser, muito bem, aquele cujo lançamento fracassou na véspera e que (os iranianos), finalmente, tornaram operacional e lançaram hoje", afirmou. Fotos retocadas Vários fotógrafos declararam, categoricamente, que uma foto divulgada na quarta-feira para comprovar o lançamento bem-sucedido de quatro mísseis terra-terra foi retocada para acrescentar o quarto artefato. O analista do britânico do International Institute for Strategic Studies (IISS) Mark Fitzpatrick, ex-dirigente do Departamento de Estado americano, também considerou "muito pouco provável" que o Shahab-3 seja capaz de carregar uma ogiva de uma tonelada, em um raio de 2.000 km, como anunciou a imprensa iraniana. Um dos porta-vozes da Casa Branca, Tony Fratto, preferiu a cautela, mas foi enfático ao declarar que "queremos que o país pare de enriquecer urânio e acabe com esses testes, que são atos de provocação e apenas isolam os iranianos ainda mais". Crise nuclear As atividades balísticas iranianas reforçam os temores de uma parte da comunidade internacional, a começar pelos EUA, de que o Irã continue seu programa nuclear e o ultra-sensível enriquecimento de urânio para fabricar a bomba atômica. O Irã garante que seu programa nuclear é de uso apenas civil, mas Israel se considera alvo de uma possível bomba iraniana. A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, advertiu o Irã do reforço do dispositivo americano de segurança, no Golfo, e que os EUA não hesitarão em defender Israel e seus aliados regionais. Já o secretário americano da Defesa, Robert Gates, em declarações na quarta, e o porta-voz Tony Fratto, nesta quinta, disseram não acreditar que o risco de guerra tenha aumentado, apesar das recentes manobras israelenses no Mediterrâneo, dos testes de mísseis iranianos e de uma retórica belicista de ambas as partes. Segundo Fratto, o objetivo dos EUA "é fazer o melhor uso da diplomacia para trazer o Irã para a mesa de discussões, de tal modo que possamos resolver isso pacificamente". O próprio presidente George W. Bush sempre se recusou, porém, a descartar o uso da força. Ao ser questionado sobre os riscos de uma escalada, ele disse esperar que isso não aconteça e que todos os envolvidos "vejam as coisas com a cabeça clara".