Autoridades afegãs disseram que um ataque promovido por aeronave norte-americana causou, acidentalmente, a morte de pelo menos 27 afegãos que iam para uma cerimônia de casamento na manhã deste domingo (06/07) - foi o segundo ataque militar em três dias a fazer vítimas civis. Os militares norte-americanos disseram que falar em morte de civis é propaganda dos militantes.
Neste domingo (06/07), o chefe de governo do distrito de Deh Bala, na província de Nangarhar, Haji Amishah Gul, disse que moradores falaram que pelo menos 27 pessoas que caminhavam em grupo para um festa de casamento foram mortas em um bombardeio. Cerca de onze ficaram feridas, afirmou ele. Já o porta-voz da polícia de Nuristão, Ghafor Khan, disse que uma aeronave de combate atacou um grupo de militantes perto da vila de Kacu, mas que um míssil saiu do curso e atingiu a festa de casamento. Khan disse que muitos militantes também foram mortos no ataque.
Tanto Gul quanto Khan dependem de relatos feitos por telefone por moradores da região, que é muito remota para ser alcançada por autoridades ou repórteres. Gul disse que entre os mortos havia homens, mulheres e crianças.
Lal Wazir, afegão que ajudou a levar os feridos para o hospital, disse que o ataque aéreo começou às 6h30 (horário local). "Os convidados estavam a caminho da casa da noiva", afirmou Wazir, com a túnica coberta de sangue após carregar alguns dos feridos. "Eles pararam num lugar estreito para descansar. O avião veio e bombardeou a área. Havia cerca de 80 a 90 pessoas juntas", segundo Wazir.
Militantes
Comunicado da coalizão liderada pelos EUA diz que o ataque aéreo matou vários militantes em Nangarhar. O presidente afegão, Hamid Karzai, já ordenou uma investigação para averiguar acusações de que mísseis utilizados por helicópteros norte-americanos atingiram civis em outro ataque, perpetrado na sexta-feira (04/07).
O general do Exército dos EUA, David D. McKiernan, comandante das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão, disse neste domingo à Associated Press que os dois casos estão sendo investigados. Ele observou que os militantes se escondem entre os civis e que os intimidam.
O primeiro-tenente Nathan Perry, porta-voz dos EUA, disse que os militares viram repetidas vezes militantes alegarem falsamente que civis foram mortos. "Sempre que promovemos um ataque, a primeira coisa que eles fazem é bradar que 'ataque aéreo matou civis', quando na verdade o míssil atingiu militantes extremistas que mirávamos em primeiro plano", disse Perry. "Neste momento, não acreditamos que atingimos ninguém além de combatentes".