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Ingrid Betancourt se dirige ao vivo pela rádio aos reféns das Farc na selva

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Ingrid Betancourt falou neste domingo (06/07) de Paris, ao vivo na rádio colombiana Caracol, aos reféns da guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) detidos na selva colombiana, para garantir-lhes que a França continua lutando por eles, indicou à AFP sua irmã, Astrid. "Ela falou aos reféns que ainda estão na selva, ela disse a eles que Sarkozy se comprometeu a manter os esforços para libertá-los", disse Astrid Betancourt. Ingrid Betancourt deu suas declarações do hotel Raphaël onde está hospedada com sua família ao programa "Voces del secuestro" (As vozes dos reféns) que os reféns das Farc podem ouvir de meia-noite a cinco horas da manhã. Durante todo seu tempo de cativeiro, que durou seis anos e quatro meses, a ex-refém recebia todos os dias mensagens de sua mãe, Yolanda Pulecio, através desta emissão. Mais tarde, a franco-colombiana deve participar de uma missa em Paris, onde ela está desde sexta-feira (04/07), acrescentou Astrid Betancourt, sem dar detalhes. Após sua libertação quarta-feira (02/07), as primeiras palavras da ex-refém foram de orações de agradecimento a Deus e à Virgem de Guadalupe. Ingrid Betancourt deve também almoçar neste domingo na casa do ex-primeiro-ministro francês, Dominique de Villepin, seu "amigo" que ela agradeceu após sua libertação. O ex-chefe da diplomacia e primeiro-ministro, que se engajou pessoalmente para ajudar a libertar Ingrid Betancourt, não participou da recepção da ex-refém no aeroporto de Villacoublay, perto de Paris, e depois no Palácio do Elysée. Dominique de Villepin foi professor de Ingrid Betancourt na faculdade Sciences-Po Paris, antes de se tornar um amigo de sua família. Neste sábado (05/07), Ingrid Betancourt passou por uma série de exames médicos no hospital militar de Val-de-Grâce, em Paris, e constatou que está bem de saúde. Ela se demonstrou surpresa com os resultados dos exames e reconheceu que precisa descansar, conforme recomendaram seus médicos. Depois de sair do hospital, a ex-refém revelou que sofreu um momento de "angústia" na noite de sexta-feira, no quarto do hotel onde está hospedada. "Tomei uma ducha fria para relaxar, e meu filho, que andava pelo quarto sem parar, apagou a luz. Fiquei no banheiro, sem luz, na total escuridão, e perdi a noção de onde estava. Senti muita angústia e pensei: Meu Deus, eles chegaram, as Farc voltaram. Foi como um pesadelo". Segundo Ingrid, seu principal carcereiro, conhecido como comandante Enrique Gafas, não foi "comprado" pelas autoridades colombianas. A Rádio Suíça Romanda (RSR) informou que as Farc receberam 20 milhões de dólares para liberar Ingrid e outros 14 reféns, incluindo três cidadãos americanos. O Exército, com o auxílio de agentes infiltrados na guerrilha, simulou uma operação de transferência de reféns ao acampamento do líder das Farc, Alfonso Cano, para resgatar os 15 sequestrados.