O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da reunião do G-8, nesta semana, no Japão, armado de duas mensagens: ao tratar da inflação, vai oferecer a produção agrícola brasileira como parte da solução; ao criticar a especulação em torno dos preços do petróleo e das commodities agrícolas, vai apontar um dedo acusador para as sete nações mais ricas e cobrar mecanismos para evitar que o mundo em desenvolvimento pague mais uma vez o preço de uma crise originada nos mercados financeiros centrais.
Amparado pelos chefes de Estado do G-5 (Brasil, África do Sul, China, Índia e México), além do apoio prévio dos presidentes da América do Sul, Lula será uma espécie de porta-voz dos países que foram as principais vítimas das crises do petróleo, nos anos 70 e 80, e das dívidas, que se sucederam na segunda metade da década de 90.
A cúpula do G-8, na terça e quarta-feira, em Hokkaido, ocorre num momento crítico da economia mundial. Terá na pauta a escalada do preço do petróleo, que bateu na casa dos US$ 146 por barril na semana passada e poderá alcançar US$ 200 por barril até o fim do ano, conforme análise do Banco Mundial (Bird). O encontro de Hokkaido se concentrará também no aumento dos preços internacionais dos alimentos e a conseqüente ameaça de disparada da inflação. Ontem, milhares de pessoas protestaram contra a reunião do G-8. Quatro manifestantes foram presos.
Os líderes do G-8 terão de decidir a proposta de criação de um fundo de US$ 10 bilhões, pelos países mais ricos, para financiar projetos que ajudem a estancar o aquecimento global nos países em desenvolvimento. Ao tocarem nesse tema e na questão dos preços dos alimentos, o biocombustível, inevitavelmente, voltará ao centro dos debates.