Jornal Correio Braziliense

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O enfermeiro que salvou Ingrid

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O cabo William Pérez foi seqüestrado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) quando tinha 23 anos. Dez anos depois, a liberdade chegou. Enfermeiro, ele era considerado "médico" no meio da selva. Nos últimos quatro anos, cuidou de Ingrid Betancourt e de outros seqüestrados que sofriam com o cansaço, depressão e debilidade física. Quando ele e a amiga entraram no helicóptero, na última quarta-feira, e descobriram que estavam livres, choraram, se abraçaram e comemoram juntos. Em entrevista à imprensa colombiana, William surpreendeu ao admitir que deixou de lado várias tentativas de fuga para continuar a cuidar dos doentes. A Rádio Caracol era ouvida todas as manhãs pelos prisioneiros. Nesta sexta-feira (04/07), William agradeceu à emissora por ter entregue a última mensagem de seu pai antes de ele morrer. Na entrevista, o enfermeiro relatou que os guerrilheiros não tinham sensibilidade humana e não davam valor à vida. Segundo ele, os rebeldes diziam que se algum dos reféns morresse, simplesmente cavariam um buraco e os enterrariam ali mesmo na selva. Ingrid e William começaram a dividir o mesmo acampamento em 2004 com outros quatro seqüestrados. Os dois costumavam a discutir sobre as notícias ouvidas no rádio e sobre como sairiam dali. Ela achava que seria por meio de um acordo, ele insistia que a única saída era a militar. William contou ao jornal local El Tiempo que Ingrid teve malária e sua saúde de piorou em 2007. "Em apenas dois meses, ela chegou a um estado em que quase morreu. Ela teve depressão muito profunda e não conseguia comer. Sofreu com uma úlcera, infecção intestinal e desidratação", contou. A foto de Ingrid magra e triste, publicada no mundo todo, foi tirada no período em que ela se recuperava. "Ela estava tão fraca que não conseguia caminhar até o rio na hora do banho. Eu dizia pra ela, há gente que depende de você, não se deixe morrer, seja forte e sida adiante", contou William. Com soro e remédios, ela melhorou. E a vontade de ver os filhos fez com que voltasse a se alimentar. Agora, é William Pérez que está sob cuidado médico. "No últimos dois meses peguei malária, mas me sinto bem", disse. Ele, que entrou no Exército para sustentar os pais e os seis irmãos, pretende continuar com sua missão. "Adore esse uniforme e quero continuar no meu Exército."