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Criticado, Obama tenta provar patriotismo em feriado nacional

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As festividades do 4 de julho, Dia da Independência dos Estados Unidos, sempre tiveram um significado maior na casa do candidato democrata à presidência, Barack Obama. Pelo menos foi isso que o senador quis demonstrar ontem aos eleitores. O político, tentou durante toda a semana rebater as acusações de que não é patriota, lembrou que a filha mais velha nasceu na data cívica mais importante para os norte-americanos. ;Finalmente contei a verdade. Disse que todos esses fogos de artifício não são para ela;, brincou Obama, em frente aos jornalistas. O esforço para cultivar a imagem de um cidadão comum e fiel à pátria tem por objetivo atrair mais votos. Acompanhado da mulher, Michelle, e das duas filhas, Obama passou o dia em Buttle, cidade considerada bastião democrata no estado de Montana, historicamente republicano. Sem terno e com bandeirinha americana na mão, o senador acompanhou os desfiles do 4 de julho, mas lamentou ter de fazê-lo da arquibancada ;pela primeira vez;. ;Esta é a primeira parada da qual não participo desfilando. O problema é que se começássemos a desfilar, o Serviço Secreto faria com que todo mundo ficasse com as mãos levantadas ao longo de toda o caminho da parada;, brincou novamente. A agenda política do candidato continuou com um piquenique. E mais abraços, sorrisos e bebês no colo do senador. Como vem fazendo desde a última segunda-feira, Obama garantiu que é um bom patriota. Segundo ele, patriotismo não é apenas ;recitação da Pledge of Allegiance (promessa de amor à pátria), desfiles do Dia de Ação de Graças ou os fogos do 4 de julho, mas a forma como o ideal americano teceu seu caminho por meio das lições; que a família passou. O democrata havia sido criticado por não usar um broche com a bandeira dos EUA e pelo fato de sua mulher ter declarado, durante as prévias, que estava orgulhosa com o país ;pela primeira vez na vida;. ;Essa questão (do patriotismo) ganha uma importância especial em certas circunstâncias. Nesse caso, ela vem sendo colocada, especialmente pelos republicanos, porque o passado de Obama é incomum para um presidente americano ; não só por ser afro-americano, mas também por causa de seu nome e de quem seu pai era;, destaca Sandy Maisel, professor do Colby College e autor de diversos livros sobre as eleições americanas. Para o professor de História da Southern Illinois University Jonathan Bean, o fato de o democrata ser filho de um queniano e possuir o sobrenome Hussein também é apontado como um ;chamariz; para a questão. ;Devido às origens de Obama, o patriotismo ganha uma nova urgência nestas eleições. E nos EUA, o ambiente no qual menos se demonstra patriotismo é o acadêmico. Então, a carreira de Obama como professor universitário o torna passível de ser uma pessoa com sentimentos diferentes daqueles do americano comum;, avalia Bean. Para o especialista William Allen, da Michigan State University, a trajetória política de Obama é mais um dos obstáculos quando o assunto é o orgulho da pátria. ;Ele vem da tradição de uma esquerda radical, que sempre foi acusada de ser antipatriótica por culpar os EUA por qualquer problema que ocorra no mundo.; Além de todos esses fatores, o senador por Illinois ainda possui, como adversário, um exemplo de militar americano, que se orgulha de ter sido prisioneiro de guerra no Vietnã. ;Patriotismo é mais do que expressões simbólicas, do que sentimentos sobre lugar e parentesco que nos levam a unir nossas mãos e nossos corações durante o hino nacional. É colocar o país em primeiro lugar, antes do partido ou de ambições pessoais, antes de tudo;, declarou o republicano John McCain em um comunicado. Entretanto, o candidato, que retornou ontem do México, preferiu, desta vez, manifestar todo o seu amor à pátria em casa, descansando com a família.