BOGOTÁ - A agência Anncol, ligada à guerrilha das Farc, deixou entrever a possibilidade de que o grupo possa aceitar uma negociação com o governo colombiano, em um texto divulgado, nesta quinta-feira (03/07), em sua página na Internet, após o resgate de 15 reféns.
"Definitivamente, o futuro da Colômbia não pode ser a guerra civil. Apelamos para a prudência e que se abram espaços de paz com justiça social em nossa martirizada pátria", defende o texto da Anncol.
Até agora, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) não se pronunciaram sobre a operação de resgate do Exército, graças à qual 15 reféns, entre eles a franco-colombiana Ingrid Betancourt e os americanos Thomas Howes, Marc Gonsalves e Keith Stansell, recuperaram sua liberdade.
"É necessário, nesse momento, pedir à oligarquia colombiana que não se embriague, falsamente, com uma vitória, que em nenhum momento é deles, nem acreditar que podem impor o que quiserem ao povo colombiano", acrescenta a nota da Anncol.
Além disso, a agência, que costuma transmitir os comunicados do grupo rebelde e comentários da liderança das Farc, ressalta que "deixa um leve sabor de dúvida o papel dos países amigos nessa operação militar com assalto à confiança de uma das partes".
No fim de semana, a imprensa local e o governo colombiano divulgaram a chegada ao país de delegados de França e Suíça, que tentavam entrar em contato com o chefe da guerrilha, Alfonso Cano, para buscar a libertação dos reféns.
"A imprensa da capital repetiu, com insistência, a visita de dois funcionários europeus ao chefe máximo das Farc, Alfonso Cano. Esses amigos da Colômbia não especificaram se era certo, ou um blefe", destaca a nota da Anncol.
A operação de resgate, realizada pelo Exército colombiano, enganou os rebeldes que detinham os reféns com um helicóptero de uma fictícia comissão de guerrilheiros e delegados internacionais, que levaria o grupo ao acampamento de Cano.