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Morte e desolação após atentado em rua movimentada de Jerusalém

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JERUSALÉM - Por onde passou com sua escavadeira, um palestino deixou pelo caminho nesta quarta-feira (02/06) um rastro de desolação e morte na rua Jaffa, a mais movimentada de Jerusalém, com carros destruídos, uma moto esmagada, ruínas por todos os lados e três mortos. Com o rosto coberto de sangue, o passageiro de um ônibus virado saiu sozinho por uma das janelas do veículo. Atordoado, rejeitou a ajuda médica e disse: "tudo isto é culpa do Olmert", o primeiro-ministro Ehud Olmert, um dos mais impopulares da história. A escavadeira iniciou seu percurso destruidor ao meio-dia, próximo das obras para a construção de uma linha de bonde que ligará vários bairros da cidade, na rua onde está localizado um escritório da AFP. Os restos do atentado são claramente visíveis: um carro virado, outro esmagado contra um poste e outros quatro destruídos. Do porta-malas de um deles saem brinquedos. A escavadeira atingiu também uma moto que se transformou num amontoado de ferro retorcido. A Polícia conhecia o autor do atentado. Tinha 30 anos, era casado, pai de dois filhos, vivia em Sur Baher, em Jerusalém Leste, e tinha antecedentes criminais. Um policial israelense de uma unidade de elite o matou com vários tiros à queima-roupa quando a máquina estava em movimento. A cabeça ensangüentada do condutor ficou repousada sobre o volante. Nas calçadas, as equipes de socorro tentavam acalmar as pessoas, tomadas pelo medo, enquanto retiravam as vítimas da área. O registro foi de três mortos e 45 feridos, três deles em estado grave. Os bombeiros tentavam retirar uma senhora presa nas ferragens de seu carro, mas era tarde demais, estava morta. Horrorizados, conseguiram retirar um bebê de outro veículo. Felizmente, a criança sofreu apenas alguns arranhões. Intolerância Shlomi Levy, de 56 anos, é um comerciante de vinhos do bairro e, como muitos, expressou indignação. "A solução é liquidar todos os árabes, não deixar que trabalhem conosco. Damos a eles onde viver e veja o que nos fazem", queixou-se, propondo um castigo: "destruir sua casa (a do autor do atentado) e enviar sua família para o Líbano". Yaakov Cohen, um desempregado de 53 anos, afirmou: "é tudo culpa do governo, bastaria enviar para Gaza todos os árabes que queiram se comportar dessa maneira e que se matem entre si". "É impossível lutar contra essa gente porque seu valor supremo é a morte", disse Yaakov Dayan. "Pouco importa se usam uma chave de fenda, uma escavadeira ou uma bomba, o que querem é nos matar". Dayan concluiu: "é preciso arrasar a Faixa de Gaza. A democracia não serve para essa região".