O presidente francês, Nicolas Sarkozy, admitiu nesta terça-feira (01/07) que seus seis meses na chefia da União Européia serão mais difíceis do que o esperado. No primeiro dia como presidente do bloco, Sarkozy criticou o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, e ouviu um sombrio comentário do presidente polonês sobre o futuro da UE. A Torre Eiffel foi iluminada com o azul e o amarelo da bandeira da UE. Oficialmente, a passagem para a França da presidência rotativa da UE é motivo de celebração, mas há vários problemas por trás das festividades e apertos de mãos.
Sarkozy admitiu que a comunidade enfrenta um impasse por causa do Tratado de Lisboa e obter aceitação para suas idéias em questões como imigração e comércio será complicado. No mês passado, os irlandeses votaram "não" em um referendo sobre o Tratado de Lisboa, que busca substituir o projeto de Constituição rejeitado em 2005. O tratado só pode entrar em vigor em 2009 se for ratificado pelos 27 países membros da UE.
O presidente da Polônia, Lech Kaczynski, disse em uma entrevista publicada nesta terça que a ratificação do tratado de reforma da UE seria "sem sentido" após a rejeição da Irlanda. O premiê polonês Donald Tusk, tentou amenizar a declaração, dizendo que seu país tem interesse no tratado, que foi aprovado pelo Parlamento em abril. Sarkozy disse que não podia imaginar que o presidente Kaczynski, "que assinou a parte inferior do documento em Bruxelas e depois em Lisboa, pudesse colocar em questão sua própria assinatura"
O chanceler francês, François Fillon, insistiu que o tratado ainda está vivo. "O processo de ratificação continuará", declarou Fillon, acrescentando que mantém um "diálogo permanente" com a Irlanda para tentar achar um meio de acabar com o impasse. "Os irlandeses votaram 'não' a um tratado da UE em 2001 e reverteram o voto em 2002", lembrou um funcionário francês
Críticas
O estilo de Sarkozy provocou irritação em seu primeiro dia como presidente da UE. Em declarações a uma TV, Sarkozy criticou o comissário de Comércio da UE, Peter Mandelson, e o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, dizendo que eles queriam fazer concessões durante as negociações de comércio global que eliminariam postos de trabalho.
Por meio de seu porta-voz, Peter Power, Mandelson disse que os comentários de Sarkozy não tinham sido solicitados e minavam a posição da UE antes da reunião da OMC que será realizada no final do mês em Genebra. "O ataque do presidente Sarkozy é desapontador", disse Power. "As críticas são errôneas e injustificadas. Nesse momento difícil das negociações mundiais de comércio, a UE precisa manter sua unidade."