LOS ANGELES - Um período de incerteza teve início nesta terça-feira (1º/07) em Hollywood, onde o contrato trienal que regulava o trabalho de milhares de atores americanos de cinema e televisão expirou sem que os produtores e o sindicato tenham chegado a um acordo. O principal sindicato de atores e a associação de produtores negociaram até a noite de segunda-feira para tentar evitar uma greve, após o vencimento do contrato à meia-noite.
Os produtores afirmaram pouco antes do fim do contrato que a indústria do cinema e televisão americana estava "em greve de fato" por causa dos atores, mas o principal sindicato de comediantes se manifestou disposto a prosseguir com as negociações. "Nosso setor já vive uma greve de fato, com a produção de filmes quase interrompida e a produção televisiva seriamente ameaçada", destacou a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP), que reúne os empresários de Hollywood.
A AMPTP disse ter apresentado ao principal sindicato de atores de cinema e televisão americano (SAG) uma "oferta final", após 42 dias de negociações entre as duas organizações. O SAG, que tem 120 mil membros, se disse "sempre determinado a negociar um contrato justo para os atores, o mais rápido possível".
O sindicato qualificou a proposta dos produtores como uma "oferta de último minuto de 43 páginas" e destacou que "vai examinar esta oferta complexa para preparar uma resposta aos empregadores". No entanto, nem o SAG nem a Federação Americana de Artistas de Rádio e Televisão (AFTRA), outra organização que reúne 70.000 comediantes, programaram uma greve. Os dois sindicatos manifestaram o interesse de negociar em julho.
A situação é complexa porque os dois sindicatos de atores não chegam a um acordo: a AFTRA aprovou uma versão do texto proposto pela AMPTP, enquanto o SAG o rejeitou. Os dirigentes do SAG afirmam que a AFTRA debilitou sua capacidade de negociação e pediu a seus 44.000 membros que também pertencem à AFTRA que não ratifiquem o texto.
A disputa sindical causou um racha entre os atores: Tom Hanks, Kevin Spacey e Alec Baldwin se pronunciaram a favor da posição da AFTRA, enquanto Jack Nicholson e Ben Stiller estão do lado do SAG. Semana passada, o astro George Clooney pediu unidade aos dois lados, por considerar que a divisão só fortalece o poder de negociação da AMPTP.
Os atores de cinema querem um aumento salarial para os colegas menos famosos e que recebem menos de 100.000 dólares a ano. Também desejam uma parcela maior dos lucros obtidos pelos estúdios com as vendas de DVDs e produtos audiovisuais nas novas plataformas tecnológicas. Os estúdios afirmam que o novo contrato com os actores terá moldes similares aos acordos fechados com os sindicatos de roteiristas e diretores no início do ano, além de terem acusado o SAG de apresentar pedidos irracionais.