SHARM EL-SHEIKH - A União Africana (UA) retomou nesta terça-feira (1º/07) as discussões sobre a situação no Zimbábue, em um clima de grave crise política e de forte pressão ocidental liderada pelos Estados Unidos por causa da questionada reeleição do presidente Robert Mugabe. A reunião de cúpula da UA, em Sharm el-Sheikh, Egito, iniciou o segundo e último dia de debates, centrados na crise zimbabuana.
De acordo com fontes da Comissão da UA, alguns presidentes africanos já discutiram a questão zimbabuana em contatos informais prévios. ONU, União Européia (UE) e Estados Unidos pressionam a UA para que rejeite a reeleição de Mugabe, que compareceu à reunião de cúpula um dia depois de tomar posse, após uma votação que os ocidentais consideram ilegítima.
Os Estados Unidos prepararam um projeto de resolução para o Conselho de Segurança das Nações Unidas que prevê sanções contra o Zimbábue. O projeto, que Washington discute com os aliados no Conselho antes de apresentá-lo formalmente, contempla um embargo de armas com destino ao Zimbábue e medidas individuais contra algumas pessoas, não identificadas, acusadas de travar o processo democrático no país.
De acordo com a tradição da UA, geralmente contrária à aplicação de sanções contra seus membros, esta reação à crise zimbabuana não provocou nenhum entusiasmo na reunião de cúpula. Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, o Comissário de Paz e Segurança da UA, Ramtan Lamamra, afirmou que "as sanções não são a melhor ferramenta de que dispõe a diplomacia moderna".
Desde a abertura, a reunião de cúpula da UA, que recebeu Mugabe ignorando os pedidos para não legitimar sua reeleição, parece privilegiar uma solução negociada entre Mugabe e o líder opositor zimbabuano Morgan Tsvangirai. Este último saiu na segunda-feira da embaixada da Holanda em Harare, onde estava refugiado da violência do regime.