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Morte de garota causa quebra-quebra nas ruas da China

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Cerca de 10 mil pessoas atacaram prédios públicos e incendiaram viaturas da polícia em uma cidade do sudoeste da China durante o fim de semana, em mais um caso de insatisfação popular contra o governo no período que antecede a Olimpíada de Pequim. Os protestos foram provocados pela libertação de suspeitos de terem estuprado e assassinado uma garota de 16 anos no Condado de Wen'ga, na Província de Guizhou. Segundo a polícia, a adolescente cometeu suicídio ao se atirar em um rio da cidade. Mas a população sustenta que as autoridades locais querem abafar o caso por causa da ligação dos acusados com chefes locais do Partido Comunista. O descontentamento foi acentuado pelo espancamento do tio da adolescente por um grupo de capangas, depois que ele foi à polícia protestar contra a libertação dos suspeitos. Ferido gravemente, ele foi internado em um hospital da cidade. Segundo algumas agências de notícias, o tio da adolescente morreu nesta segunda-feira (30/06), vítima dos ferimentos O jornal oficial China Daily divulgou as manifestações e afirmou que elas foram provocadas pela "suposta tentativa de oficiais da polícia de encobrirem um caso de homicídio". Imagens gravadas por moradores que presenciaram os distúrbios foram reproduzidas na internet e nas redes de TV a cabo. Durante o dia, as cenas que mostravam a multidão atacando o prédio da polícia e vários carros incendiados começaram a ser deletados e bloqueados pela censura chinesa, assim como os comentários críticos deixados em fóruns na internet. A maioria dos que opinaram online manifestou ceticismo em relação à versão das autoridades locais de que as 10 mil pessoas que saíram às ruas eram agitadores e também questionou a censura oficial em torno do assunto. A organização Centro para Direitos Humanos e Democracia, com sede em Hong Kong, afirmou que 300 pessoas foram presas por participar dos protestos. Segundo a entidade, 2 mil policiais foram enviados à região para conter as manifestações. Jogos Olímpicos Os protestos em Guizhou ocorreram cerca de um mês antes do início da Olimpíada de Pequim e em um ano particularmente difícil para o Partido Comunista. Em março, foram realizadas no Tibete as mais violentas manifestações contra Pequim em quase 20 anos. Depois disso, o desfile mundial da Tocha Olímpica foi marcado pelos protestos contra o controle chinês do Tibete e a situação dos direitos humanos na China. Por fim, o terremoto na Província de Sichuan deixou 80 mil mortos e causou a revolta de milhares de pais que perderam seus filhos no desabamento de escolas construídas supostamente com materiais de baixa qualidade. A multiplicação de protestos é a última coisa que as autoridades de Pequim querem ver na véspera dos jogos.