Caracas ; Com a ajuda do colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está em campanha para reconstruir pontes com a Colômbia e empresários, cujos investimentos são fundamentais para dinamizar a economia do país, hoje fortemente dependente da exploração de petróleo, e dar fôlego ao tal "socialismo bolivariano do século XXI", festejado em outdoors e faixas espalhados por Caracas.
Em pronunciamento, na sexta-feira, na sede da PDVSA, a petrolífera venezuelana, Chávez disse que já foi marcada uma conversa entre ele e o presidente colombiano, Álvaro Uribe, de quem era desafeto e inimigo figadal há poucos meses, a ponto de ameaçá-lo com um conflito armado. Chávez não quis anunciar a data do encontro, combinado pelas chancelarias dos dois países. "Estamos empenhados na construção da integração e da paz", afirmou o presidente venezuelano.
"Como disse Horácio Serpa (governador do estado venezuelano de Santander), Venezuela e Colômbia são duas irmãs siamesas. Oxalá possamos recuperar isso", acrescentou Chávez. As relações diplomáticas entre os dois países se deterioraram depois de o exército colombiano matar, no Equador, o líder das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc) Raúl Reyes.
Chávez é aliado do presidente equatoriano, Rafael Correa. Na ocasião, anunciou o envio de tropas para a fronteira com a Colômbia a fim de impedir ação semelhante em território venezuelano. Depois da ofensiva retórica, começou um processo de negociação destinado à reconciliação entre os países. O processo contou com a participação de Lula. O presidente brasileiro, que considera prioritário desempenhar um papel de líder e mediador no continente americano, conversou pessoalmente com Chávez e Uribe em Havana.
Na sexta-feira, Lula foi chamado de "grande campeão da integração" por Chávez. "Querido companheiro dos venezuelanos", Lula retribuiu o afago. Primeiro, assentiu, com gestos, ao discurso de Chávez em relação à Colômbia. Depois, cobrou do setor produtivo mais investimentos no país. Na platéia, estavam representantes de empresas como Odebrecht, Camargo Corrêa, Brasil Telecom, Bunge e Oi, que fecharam acordo para, entre outros, implantação de fibras óticas e venda de toneladas de frango e mortadela à Venezuela.
"Não faz muito tempo, algumas pessoas tentaram vender a imagem do Chávez como um homem que não queria que nenhuma empresa viesse para a Venezuela", afirmou Lula. "Não faltavam adjetivos para inibir investimentos no país. Já não existe mais desconfiança em relação à possibilidade de integração não só entre os dois países, mas também entre seus empresários", arrematou o presidente brasileiro. A platéia aplaudiu com entusiasmo. Agora, espera o dinheiro dos investidores.