SANTIAGO - A observação de baleias se tornou um excelente negócio para vários países da América Latina, ao contrário da caça comercial, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (24/06) por organizações de preservação ambiental.
Entre 1998 e 2006, a indústria turística baleeira lucrou mais de US$ 278 milhões nos países da região, onde há mais de uma década a atração é promovida como alternativa à caça dos animais, segundo estudo do Fundo Internacional para a Proteção de Animais e seu Hábitat (Ifaw, na sigla em inglês), apresentado durante a 60ª reunião da Comissão Baleeira Internacional (CBI), inaugurada na segunda-feira, no Chile.
"A observação responsável de cetáceos oferece benefícios substanciais e variados às comunidades, em comparação à limitada e arcaica indústria baleeira", apontou Enrique Hoyt, um dos autores do relatório.
Economia
Calcula-se que mais de um milhão de pessoas visitarão as costas latino-americanas este ano em busca da atividade turística, que cresceu em média mais de 10% desde 2007, conclui o estudo.
Entre 1998 e 2006, o número de países da região que oferecia viagens de observação de cetáceos aumentou de 8 para 18, enquanto o número de comunidades beneficiadas pela implantação da atividade passou de 56 para 91.
Os bons resultados levaram várias comunidades costeiras, tradicionalmente habitadas por pescadores, a mudar "para se dedicar a esse turismo verde, já que gera maiores opções de lucros para elas", afirma Miguel Iñíguez, outro autor da pesquisa.
México, Panamá, República Dominicana, Brasil, Chile e Argentina são alguns dos principais beneficiados pelo crescimento da atividade.
A Costa Rica registrou o maior crescimento do turismo baleeiro entre os países latino-americanos (74%) em relação ao ano passado. Já a Argentina recebeu, na costa da província patagônica de Chubut, mais de 275.000 turistas interessados em observar as baleias.
"Essa é uma indústria sustentável que beneficia as comunidades costeiras no âmbito socioeconômico, educacional e ambiental", destacou Beatriz Bugeda, diretora da IFAW na América Latina.
A América Latina tem um panorama mais que favorável para continuar incentivando a observação turística de baleias: ao todo, 64 espécies de cetáceos circulam por suas águas, o que representa 75% das espécies conhecidas pela ciência.