HARARE - A polícia do Zimbábue realizou nesta segunda-feira (23/06) uma revista na sede do principal partido de oposição, o Movimento por uma Mudança Democrática (MDC) em Harare. Mais de dez policiais entraram na sede do MDC e detiveram militantes e simpatizantes do partido, que foram levados do lugar em ônibus, enquanto outros agentes bloqueavam o trânsito no bairro.
"Vamos determinar quantas pessoas foram detidas e a razão pela qual fizeram essa revista em nossos escritórios", declarou o porta-voz Nelson Chamisa. Mais cedo, o governo do Zimbábue pediu ao líder da oposição, Morgan Tsvangirai, que reconsiderasse a decisão de abandonar a eleição presidencial. "Seria lamentável se Tsvangirai decidisse efetivamente se retirar desta eleição. Peço a ele e a seu partido que reflitam duas vezes e participem neste processo democrático", declarou o vice-ministro da Informação, Bright Matonga, à rádio pública sul-africana SAFM.
Tsvangirai anunciou no domingo que, diante da "orgia de violência", desistiu de enfrentar o chefe de Estado Robert Mugabe no segundo turno da eleição presidencial, previsto para a próxima sexta-feira. Ao mesmo tempo, o governo zimbabuano pediu aos partidários que prossigam com a campanha para o segundo turno. "É a 11ª vez que Tsvangirai ameaça se retirar do segundo turno das eleições presidenciais", declarou com ironia o ministro da Justiça, Patrick Chinamasa, citado pelo jornal estatal The Herald.
"A Zanu-PF (partido de Mugabe) não levará esta ameaça a sério. Está caduca. Seguiremos adiante com nossa campanha para obter a vitória na sexta-feira", acrescentou Chinamasa, que também é porta-voz da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica.