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Tibete recebe chama olímpica sem incidentes após distúrbios

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Três meses depois dos violentos distúrbios em Lhasa, a passagem da tocha olímpica pela capital do Tibete foi concluída neste sábado (21/06) em meio a grandes medidas de segurança, aparentemente, sem que incidentes tenham sido registrados. Logo após às 09h locais (22h00 Brasília), a chama olímpica partiu da Norbulingka, a antiga residência de verão do Dalai Lama, diante de alguns espectadores, previamente selecionados. Duas horas e 45 minutos depois, a tocha chegou ao Palácio Topala, outra residência do líder tibetano, final do percurso em Lhasa. A polícia vigiou o percurso e os prédios adjacentes, e um cerrado cordão policial só permitiu o acesso de pessoas credenciadas para observar de perto a passagem da tocha. Vários moradores de Lhasa receberam a ordem de não sair de suas casas ou hotéis e as lojas situadas ao longo do trajeto da tocha dos Jogos Olímpicos de Pequim permaneceram fechadas. "Não fomos autorizados a deixar o hotel para acompanhar o revezamento, por isso, ficamos no hotel", confirmou um funcionário do hotel Tibet International. "Boa sorte Pequim" e "Todos os nossos melhores desejos para os Jogos Olímpicos" foram alguns dos lemas entoados pela multidão presente, seguindo uma coreografia perfeitamente estudada. O primeiro a carregar a tocha foi Gonpo, uma estrela do alpinismo tibetano de 75 anos, segundo a TV estatal chinesa, que transmitiu ao vivo os primeiros minutos da cerimônia. Gonpo passou a tocha para Li Suzhi, chefe do hospital militar de Lhasa. O último a carregar a tocha foi Caidan Zhuoma, um famoso cantor tibetano. Distúrbios Três meses depois dos distúrbios ocorridos no Tibete e em outras regiões chinesas contra o domínio das autoridades de Pequim, sua capital, Lhasa, continua fechada aos turistas estrangeiros e submetida a um forte esquema de segurança. No início de maio, uma tocha oficial chegou ao cume do Everest, pelo lado tibetano, o que desencadeou protestos por parte dos defensores dos direitos humanos. A etapa tibetana da tocha, considerada uma das mais delicadas do périplo da chama pela China após sua conturbada viagem mundial, deveria durar três dias, mas finalmente foi reduzida a um. Apenas um pequeno grupo de jornalistas estrangeiros foi autorizado a assistir ao evento, em uma viagem organizada pelo governo. 'Preocupação' A organização internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) manifestou neste sábado sua "profunda preocupação" com a decisão chinesa de manter a etapa da chama no Tibete. "Essa decisão, que se assemelha a uma provocação com o consentimento do Comitê Olímpico Internacional (COI), poderá agravar as tensões e socavar o frágil processo para a obtenção de uma solução pacífica no Tibete e em sua região", disse Sharon Hom, diretora da HRW para China. Enviar a chama olímpica ao Tibete "é o máximo da irresponsabilidade. O COI nunca deveria tê-lo permitido", considerou Anne Holmes, diretora da associação Free Tibet Campaign, com sede em Londres. Mortos Os tibetanos no exílio asseguram que a "repressão" chinesa às manifestações de março em Lhasa e em seus arredores deixou 203 mortos. Já o governo chinês indica que os "agitadores" mataram 21 pessoas, sem anunciar a morte de "rebeldes" tibetanos. A China liberou 1.157 pessoas acusadas de estarem envolvidas nos distúrbios de Lhasa, anunciou na sexta-feira a agência oficial Nova China, citando o vice-presidente do Tibete, Palma Trily.