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Fotos de Fujimori durante exames médicos provocam polêmica no Peru

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LIMA - O advogado de Alberto Fujimori protestou nesta sexta-feira (20/06) contra a divulgação de três fotografias de seu cliente sendo examinado por médicos, distribuídas pelo Poder Judiciário, promovendo um debate no país sobre os limites entre o público e o privado. "Foram violados o direito à intimidade e à reserva do ato médico", reclamou nesta sexta o advogado César Nakazaki no início da audiência 72 do processo que se desenvolve em Lima contra Fujimori por violação dos direitos humanos. "A saúde de meu cliente é um assunto privado. A sala deve tomar medidas para que não sejam tiradas mais fotos", afirmou o defensor do ex-presidente (1990-2000), que com quase 70 anos sofre de um câncer na região sublingual. O juiz do caso, César San Martín, admitiu "uma incorreção e uma lesão a um direito" de Fujimori, e que por isso ordenaria "um maior controle do tribunal" e proibiria "a divulgação de fotos de atos reservados". "Ao tribunal o que interessa é que se realizem atos médicos e se controle a saúde, qualquer outra coisa está expressamente proibida. Tomaremos medidas para que isso não se repita", disse o magistrado em resposta à queixa do advogado. As fotos de Fujimori, examinado por médicos legistas, foram tiradas na segunda-feira, antes do início da audiência, e foram divulgadas para mostrar como o ex-presidente está sendo cuidado pelas autoridades, em resposta a críticas de partidários de Fujimori que temem pela saúde de seu líder. "Isso é escandaloso e atenta contra os direitos humanos. Publicar uma foto quando alguém é examinado demonstra que há uma insensibilidade tremenda dos médicos legistas", disse por sua vez o congressista Alejandro Aguinaga, médico particular de Fujimori. Segundo Aguinaga nas fotos, Fujimori aparece em uma posição pouco agradável quando tinha a boca examinada em profundidade para observação da cicatriz deixada pela operação realizada este mês.