BRUXELAS - O chefe da diplomacia européia, Javier Solana, classificou nesta sexta-feira (20/06) em Bruxelas de "totalmente desproporcionada" a ameaça do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de não fornecer mais petróleo aos países europeus caso a lei comunitária de expulsão de imigrantes ilegais seja aplicada. "A meu ver é totalmente desproporcionada", afirmou o alto representante da União Européia para a Política Exterior em referência à reação de Chávez após a aprovação nesta sexta-feira por parte do Europarlamento de uma lei sobre o retorno de imigrantes ilegais.
"Pelo menos nosso petróleo não deve chegar a esses países europeus" que aplicarem a nova lei comunitária de expulsão de imigrantes ilegais, assegurou Chávez. Mas o alcance da ameaça não pareceu impressionar algumas autoridades européias. "Como é bem sabido, se dá o paradoxo de que a Venezuela fornece petróleo principalmente aos Estados Unidos. Assim, se decidirem bloquear o fornecimento, para nós não representará uma grande mudança", ressaltou o ministro tcheco das Relações Exteriores, Karel Schwarzenberg.
Segundo os últimos dados disponíveis da Comissão Européia, a parcela representada pelo petróleo venezuelano no total das importações da União Européia foi de apenas 0,9% em 2005. Chávez também assegurou na quinta-feira em Caracas que, assim que a Europa decidir devolver para seus países de origem os indocumentados, os países latino-americanos também poderão decidir "pelo retorno dos investimentos europeus".
"Pelo menos na Venezuela. Aqui não nos faz falta. Vamos revisar os investimentos que têm aqui para aplicar também uma lei do retorno. Levem seus investimentos para lá", declarou Chávez. A Espanha tem grandes investimentos na Venezuela, onde está presente nos setores bancário, energético, de hotelaria, de gestão de água e editorial, segundo dados da Representação Econômica e Comercial da Espanha em Caracas.