Um dia após o Parlamento Europeu aprovar uma nova lei comum sobre detenção e deportação de imigrantes ilegais na União Européia, vários países começaram a se articular contra a decisão. O presidente boliviano, Evo Morales, anunciou nesta quinta-feira (19/06) o lançamento de uma campanha internacional para tentar reverter a chamada Diretriz de Retorno. "Peço aos líderes da Europa e ao Parlamento Europeu que não cometam uma agressão contra a humanidade e a vida. O que estão fazendo é gravíssimo", disse. Evo disse ainda que as normas européias podem "levar a conflitos na Europa e na América Latina, pois haverá reações". Para o líder boliviano, é necessário que a América Latina e a África unam-se contra o endurecimento na política de imigração do bloco.
Evo disse que apresentará o projeto da campanha contra a medida na próxima cúpula do Mercosul, no dia 1º, na Argentina. Ontem, o Paraguai havia sugerido que o Mercosul se manifestasse contra a diretriz européia. Segundo estimativas, pelo menos 500 mil bolivianos vivem em situação irregular na UE. Em 2006, cerca de 17 mil imigrantes ilegais brasileiros foram presos no bloco.
A Diretriz de Retorno estabelece, entre outras medidas, a detenção de estrangeiros ilegais por no máximo 18 meses antes de serem deportados. O prazo pode ser estendido por 12 meses em casos excepcionais. O ministro francês para Imigração, Brice Hortefeux, fez um balanço hoje do endurecimento da política de imigração no país. De acordo com ele, o número de deportações aumentou em 80% no último ano, desde que Sarkozy assumiu o cargo. De junho de 2007 a maio de 2008, o governo francês expulsou cerca de 29 mil estrangeiros.