SANTIAGO - O Chile pedirá formalmente ao Brasil a transferência como réu - ao invés da extradição - do chileno Mauricio Hernández Norambuena, que cumpre pena de 30 anos no país e foi condenado duas vezes à prisão perpétua pela Justiça chilena, informou nesta terça-feira (17/06) a mídia local.
"Vamos apresentar o pedido ainda este mês e temos conversado com as autoridades brasileiras. Dissemos que há um acordo do Parlamento chileno, e que, portanto, é um pedido do Estado, não apenas do governo", destacou o ministro da Justiça do Chile, Carlos Maldonado, em entrevista à rádio Cooperativa.
Hernández Norambuena, ou 'Comandante Ramiro', de 45 anos, foi condenado pelo seqüestro e tortura em 2001 do publicitário paulista Washington Olivetto.
Além disso, o líder da Frente Patriótica Manuel Rodríguez (FPMR) foi condenado duas vezes à prisão perpétua no Chile: pelo assassinato, em 1991, do senador Jaime Guzmán (um dos principais ideólogos da ditadura do general Augusto Pinochet) e pelo seqüestro, em 1992, de Cristian Edwards, filho do dono do jornal El Mercurio.
Em dezembro de 2005, o guerrilheiro protagonizou uma espetacular fuga de helicóptero de uma penitenciária de segurança máxima de Santiago, junto com outros três membros da FPMR.
Hernández Norambuena foi capturado em 2002 no Brasil, a 150 km de São Paulo. Com ele foram condenados outros cinco seqüestradores, dois chilenos, dois colombianos e uma argentina, acusados de pertencer aos grupos de extrema esquerda FPMR e Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR, chileno).
O Supremo Tribunal Federal brasileiro condiciona a extradição para o Chile a uma modificação, por parte de Santiago, das duas condenações à prisão perpétua contra Norambuena para uma pena máxima de 30 anos de prisão.