LA PAZ - Os governos da Argentina, Brasil e Colômbia, mediadores de um diálogo interpartidário na Bolívia, lamentaram neste sábado (14/06) que até o momento a crise política neste país não tenha sido resolvida, segundo um comunicado conjunto divulgado em La Paz.
"O grupo de países amigos lamenta a falta de condições, até o momento, para que se concretize um diálogo e um acordo nacional", afirma o manifesto divulgado pelas delegações diplomáticas dos três países.
Os chanceleres das três nações, em uma primeira fase, e seus embaixadores em La Paz, em uma segunda, assumiram posição mediadora para tentar conciliar as posições divergentes entre o governo socialista de Evo Morales, os partidos de oposição de direita e quatro regiões que impulsionam sem trégua a formação de governos autônomos.
O comunicado foi divulgado depois que o vice-presidente boliviano Alvaro García adiou esta semana um diálogo com a oposição, orientado a amenizar a crise política, até depois do referendo revogatório de mandatos de autoridades do próximo dia 10 de agosto.
A impossibilidade de encaixar nas mesas de negociação a nova Constituição de cunho estatal do governo e os estatutos dos governos autônomos de viés liberal da oposição levaram ao fracasso as negociações.
O grupo de países amigos fez "um enfático pedido a todos os setores políticos da Bolívia para que contribuam para que se concretize um diálogo amplo e consistente, voltado às dificuldades que afetam o país".
Os governos da Argentina, Brasil e Colômbia reiteraram "sua confiança nos bolivianos, que encontrarão os caminhos necessários para o entendimento, e mantêm sua determinação de continuar fazendo todo o possível para ajudar neste processo".
A Igreja Católica, outra mediadora das divergências do governo e oposição, manifestou seu medo de que a ausência de encontros favoreça o clima de tensão.
"A polarização e a tensão política prejudicaram temporariamente um diálogo responsável", afirmou na quinta-feira a Conferência Episcopal da Bolívia.
Apesar do pessimismo, o governo de Morales, sufocado pelas pressões regionais, expressou otimismo sobra uma possível retomada de diálogo, após o referendo.
A oposição política e quatro regiões rebeldes querem que seus estatutos autônomos aprovados em referendos populares obriguem o governo a introduzir reformas à nova Carta Magna, para eliminar, segundo opositores, o excessivo fator estatal e indígena.
As regiões de Santa Cruz, Beni e Pando já aprovaram em consultas populares em maio seus estatutos, uma forma de Constituição local. Tarija submeterá seus habitantes à votação em 22 de junho. O presidente Morales não reconhece as votações.