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UE quer salvar tratado mesmo após derrota na Irlanda

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O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, disse nesta sexta-feira (13/06) que o processo de ratificação do Tratado de Lisboa da União Européia continuará, apesar da decisão dos eleitores irlandeses, que rejeitaram o documento em referendo. Muitos políticos europeus criticaram os irlandeses pela rejeição ao tratado. Os governos da Alemanha e da França lamentaram em comunicado conjunto a decisão dos eleitores irlandeses e disseram que ela será respeitada, mas a reunião do Conselho Europeu, em 19 e 20 de junho, voltará a discutir a questão. Barroso, em reação ao resultado do referendo, disse que os líderes europeus precisarão decidir na cúpula dos dias 19 e 20 como resolver o impasse, que aparenta ter levado o bloco a uma nova crise política. "Essa eleição não deve ser vista como um voto contra a União Européia", disse Barroso. "Eu acredito que esse tratado está vivo. Dezoito países integrantes do bloco já aprovaram o Tratado de Lisboa e a Comissão Européia acredita que as ratificações que faltam devem ser feitas. Com a totalização dos resultados, o 'não' venceu com 53,4% dos votos dos irlandeses. O Tratado de Lisboa recebeu o 'sim' de 46 6% dos eleitores irlandeses. Barroso disse que o prosseguimento das ratificações é o plano "mais razoável" após a rejeição irlandesa ao tratado, cuja finalidade é dar diretrizes sobre como o bloco tomará decisões, além de impulsionar seu papel no cenário mundial. Barroso defendeu o tratado, ao dizer que a UE precisa da carta, endossada por todos os líderes europeus em dezembro do ano passado para lidar com os problemas que a Europa enfrenta, incluída a mudança climática, os aumentos dos preços dos alimentos e combustíveis e outras preocupações econômicas e sociais. "A vitória do 'não' na Irlanda não resolveu os problemas que o Tratado de Lisboa foi escrito para resolver", disse Barroso. Reação O ministro do Exterior da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, descreveu o resultado como "um severo revés", mas disse que Berlim insistirá em colocar o tratado em vigor. "O processo de ratificação precisa continuar", disse Steinmeier, em um comunicado liberado durante sua visita à China. "Eu ainda estou convencido de que nós precisamos deste tratado - um tratado que fará a Europa mais democrática, mais capaz de agir e mais transparente", disse o chanceler alemão. O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, disse que o bloco "deveria deixar fora os (países) que ameaçam bloquear o tratado europeu." Segundo Napolitano, a Irlanda representa "menos de 1%" da população européia e não pode parar o processo de reformas.