CIDADE DO VATICANO - O presidente George W. Bush foi recebido nesta sexta-feira (13/06) pelo Papa Bento XVI nos jardins do Vaticano, ao lado da torre medieval de São João, numa visita que suscitou especulações na imprensa italiana sobre uma possível conversão de Bush ao catolicismo no próximo ano. Este foi o terceiro encontro entre o Sumo Pontífice e Bush. O Papa homenageou o presidente dos Estados Unidos com uma despedida inédita e calorosa.
Bento XVI dispensou um tratamento particular ao chefe de Estado americano, já que o recebeu ao ar livre, diante da torre, um gesto especial e único. O Papa recebeu de pé e sorridente o presidente americano, que estava acompanhado pela esposa Laura, rigorosamente vestida de negro, como exige o protocolo da Santa Sé. "Que honra, que honra", foram as palavras que Bush dirigiu ao chefe da Igreja Católica antes de saudar o pontífice com um aperto de mãos.
As boas relações entre Bush e Bento XVI contrastam com o relacionamento difícil ccom o Papa João Paulo II, que se opôs à guerra no Iraque. O Papa, que geralmente recebe os hóspedes na biblioteca privada do palácio apostólico, quebrou o habitual protocolo, o que obrigou os agentes de segurança do Vaticano a adotar medidas excepcionais. A recepção especial foi um agradecimento do Papa à atenção recebida durante sua viagem aos Estados Unidos em abril.
Depois de uma reunião privada de meia hora a portas fechadas no estúdio que João XXIII mandou construir no início da década de 60 dentro da torre para seus retiros espirituais, Bush e Bento XVI passearam brevemente à sombra de árvores centenárias seguidos a distancia por seus séquitos. Esta foi a primeira vez na história recente que um Papa caminhou amigavelmente com um chefe de Estado plos jardins do Vaticano.
Sentados diante de uma simples mesa de jardim, ouviram os cantos sagrados do coral de crianças da Capela Sistina, que estavam dentro da réplica da gruta de Lourdes construída nos jardins pontifícios. Ao contrário do que haviu sido anunciado pela imprensa, os dois líderes não rezaram diante da gruta, evitando assim que o presidente, que é protestante, orasse ante a imagem da Virgem, cujo culto não é reconhecido por sua religião.
Dentro do próprio Vaticano, alguns religiosos, que mantêm anonimato, criticaram a recepção excepcional a um chefe de Estado que não levou em consideração os pedidos papais contra a guerra e a favor da paz. Para o jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, foi apenas um gesto de cortesia. Vários cardeais descartaram o pensamento de que com a recepção o Papa apóia as decisões políticas de Bush.
Nesta sexta-feira, a imprensa italiana faz especulações sobre a possibilidade de conversão ao catolicismo de George W. Bush ao fim do mandato presidencial em janeiro de 2009, devido à admiração incondicional que tem pelo Papa Bento XVI.
Segundo Carlo Rossella, diretor da revista Panorama, que afirma ter "fontes confiáveis", Bush pensa em se converter ao catolicismo. Bush seguiria assim o exemplo do ex-premier britânico inglés Tony Blair, que se converteu ao catolicismo depois de deixar o cargo. O jornal La Repubblica afirma que assessores próximos ao presidente dos Estados Unidos fizeram referências indiretas ao assunto.
A chefe de protocolo da Casa Branca, Nancy Goodman Brinker, declarou que o presidente Bush é "um grande admirador do Papa e sente por ele um respeito total". O mesmo jornal destaca que Bush e o Papa alemão compartilham a mesma visão sobre os "demônios" que ameaçam o planeta no século XXI.