O governo de Mianmar revelou novas diretrizes a serem seguidas por agências de ajuda humanitária que comandam programas assistenciais no país após o ciclone do mês de maio. O documento, entregue pelo governo em uma reunião com agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e organizações humanitárias privadas, exige relatórios e contatos constantes entre as entidades e as agências do governo local. De acordo com as novas diretrizes, a maioria das atividades das agências estrangeiras devem ser reportadas não só ao ministério competente, mas também a uma comissão tripartite que reúne representantes do governo, de agências da ONU e da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).
A Asean, que tem Mianmar entre seus membros, ajudou a estabelecer a comissão no mês passado, como parte do esforço para enviar assistência às vítimas do ciclone Nargis, que atingiu o país nos dias 2 e 3 de maio. As entidades internacionais enfrentaram uma série de dificuldades para auxiliar a população atingida, a começar pela demora na concessão dos vistos para funcionários humanitários estrangeiros.
O governo argumentou que as diretrizes são um esforço para melhorar a coordenação dos esforços humanitários. A Cruz Vermelha avaliou em nota que "passos adicionais para receber aprovação (para o auxílio) podem atrasar de forma desnecessária" os trabalhos de ajuda. O Nargis afetou 2,4 milhões de pessoas, segundo estimativas da ONU. A entidade aponta que mais de 1 milhão delas ainda precisam de ajuda. O ciclone matou pelo menos 78 mil pessoas, de acordo com números oficiais.