Tóquio - O Senado japonês aprovou uma inédita moção de censura contra o primeiro-ministro Yasuo Fukuda nesta quarta-feira (11/06). A medida causa constrangimento para a atual administração, mas não representa uma ameaça imediata ao governo. Por 131 votos a 105, a Casa controlada pela oposição aprovou uma moção do tipo pela primeira vez na história do país depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45). A proposta, porém, quase certamente será rejeitada na Câmara dos Deputados, dominada pela situação.
Fukuda disse que não dissolveria a Câmara dos Deputados após a aprovação do texto. A situação enviou uma moção de confiança nessa Casa, onde o Partido Liberal Democrata (PLD) de Fukuda tem maioria de dois terços. A votação deveria ocorrer na quinta-feira. O voto de desconfiança foi a mais recente de uma série de ações da oposição para usar seu poder na Câmara Alta, após a maioria ganha nas últimas eleições. A intenção dos oposicionistas é constranger o impopular governo de Fukuda a convocar eleições para a Câmara dos Deputados.
O atual impasse ocorreu por causa do apoio do primeiro-ministro a um projeto para os planos de saúde considerado pela oposição prejudicial aos idosos, grupo populacional crescente no país. "A coalizão de governo do Partido Liberal Democrata negligencia completamente as vidas das pessoas, usando a política em benefício próprio", acusou o líder do Partido Democrata do Japão (PDJ), Ichiro Ozawa, após a votação.
A situação, porém, minimizou a medida como uma jogada da oposição, insistindo que Fukuda não deixará o cargo. O primeiro-ministro aparece com a popularidade bastante arranhada - 20% das pessoas o apóiam, segundo pesquisas. A oposição tem trabalhado para bloquear no Senado propostas da situação. Com isso, a coalizão de Fukuda é obrigada a aprovar as leis usando sua maioria de dois terços na Câmara dos Deputados, mais poderosa em comparação com a outra Casa.
A tática causa embaraço ao Partido Liberal Democrata. Mas ao mesmo tempo não trouxe muito apoio à oposição, acusada por Fukuda de não ter um programa nem a habilidade para governar efetivamente. O ex-primeiro-ministro Junichiro Koizumi, também do PLD, qualificou a moção do Senado como "sem significado". Koizumi também afirmou que seria perigoso Fukuda convocar eleições neste momento, em que a aprovação do primeiro-ministro é baixa.
No impasse atual, os líderes de oposição são contrários ao modo como Fukuda lida com um projeto para os planos de saúde para os idosos e por causa de escândalos no Ministério da Defesa. Os partidos da oposição pretenderiam ainda boicotar o Parlamento após a moção de censura ser aprovada, segundo relatos da mídia local.