WASHINGTON - O ex-ministro boliviano da Defesa Carlos Sánchez Berzaín recebeu asilo político nos Estados Unidos em 2007, confirmou o embaixador da Bolívia Gustavo Guzmán, nesta terça-feira (10/06), através de documentação entregue a jornalistas em Washington.
Essa situação "é irritante e complica a relação entre a Bolívia e os Estados Unidos", estimou Guzman. Em La Paz, o governo boliviano se disse "insatisfeito" com o informe dos Estados Unidos sobre o asilo, após uma reunião entre o embaixador americano Philip Goldberg e o chanceler David Choquehuanca, em um episódio que deteriora as já tensas relações bilaterais.
"Não estamos satisfeitos com as explicações dadas pelo embaixador esta manhã", afirmou em uma coletiva de imprensa Choquehuanca.
Acusações
Goldberg foi convocado pela chancelaria para explicar o asilo político concedido ao ex-ministro boliviano, acusado de ser o autor intelectual da morte de 60 civis numa ação do Exército durante repressão à rebelião em outubro de 2003, por ocasião do segundo mandato do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada.
"Sobrevivi a inúmeras alegações infundadas contra mim por parte de Morales no passado, mas agora temo que seus novos poderes como presidente possam finalmente silenciar de uma vez por todas minha visão antidrogas", expressou, por sua vez, Sánchez Berzaín.
"O senhor Morales e seus colaboradores exercem controle sobre a polícia local e nacional na Bolívia, o que me deixaria sujeito a prisões arbitrárias e torturas ou mesmo uma sentença de morte", acrescenta.
O governo boliviano, que pretende extraditar Sánchez Berzaín e o ex-presidente Sánchez de Lozada, ainda não formulou oficialmente o pedido aos Estados Unidos, confirmou o embaixador Guzmán.