ROMA - Dezenas de milhares de gays, lésbicas e simpatizantes ocuparam as ruas de Roma neste sábado (07/06), na tradicional Gay Pride, para exigir o reconhecimento legal dos casais homossexuais e mostrar ao prefeito da cidade que a manifestação não é um ato de "exibicionismo sexual", como afirmara.
"Temos ainda mais razões para estar aqui hoje do que nos anos anteriores", disse Vladimir Luxuria, um travesti e ex-deputado de esquerda que se tornou o campeão do movimento homossexual para a criação de um Pacto Civil de Solidariedade, uma figura legal que reconhece os direitos dos casais do mesmo sexo.
"Com a direita no poder, a Gay Pride se converte em uma manifestação pela liberdade e contra o autoritarismo", afirmou Franco Grillini, ex-deputado da esquerda e um dos fundadores da principal associação italiana de defesa dos homossexuais, a Arcigay.
No início de maio, quando assumiu a prefeitura de Roma, Gianni Alemanno declarou que a Gay Pride era "um ato de exibição sexual" e anunciou que sua equipe buscaria uma fórmula para que o desfile "não ofendesse ninguém".
Já a ministra da Igualdade, Mara Carfagna, uma ex-apresentadora de televisão de 32 anos, pediu uma Gay Pride "sóbria", sem "exibicionismo" ou "folclore".
"Carfagna, você aparece nua nos calendários e não quer ver nosso direito como casais", diziam vários cartazes colados no percurso da Gay Pride, em referência a carreira fotográfica da ex-candidata à Miss Itália.
"A Europa avança e nós retrocedemos, estamos entre os últimos países da UE que não têm um Pacto de Solidariedade, mas não desistiremos, as feministas também lutaram por muito tempo", disse Sara Fontana, uma jovem romana.
"O prefeito de Roma? Todo mundo conhece suas raízes políticas. Por mais fascista que seja, jamais poderá proibir a Gay Pride...", afirmou Francesco.
"Francamente, já não temos mais esperança neste país e em seus dirigentes. Se tivéssemos dinheiro, iríamos viver na Espanha. Sonhamos com um Zapatero italiano", resumiu Gennaro, companheiro de Francesco, referindo-se ao presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero.
Em julho de 2005, a Espanha aprovou uma lei apresentada pelo governo socialista de Zapatero que autoriza o casamento entre pessoas do mesmo sexo, com igualdade de direitos e obrigações.