Os israelenses receberam com satisfação o discurso feito na quarta-feira (04/06) pelo candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, a integrantes de um grupo de pressão pró-Israel em Washington. Nesta quinta-feira (05/06), previam que as palavras do senador americano poderia ajudar a dissipar as suspeitas dos israelenses com relação a ele. Ao mesmo tempo, os comentários de Obama enfureceram os palestinos, que esperavam do democrata um tratamento menos imparcial do conflito em comparação com o atual presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
Ao discursar na quarta perante o Comitê Americano-Israelense de Relações Públicas (Aipac, pelas iniciais em inglês), Obama afirmou que os laços entre os Estados Unidos e Israel são "inquebráveis" e, se eleito, "nunca ficaria hesitante com relação à segurança" do Estado judeu. Ao contrário do republicano John McCain e da democrata Hillary Clinton, Obama é relativamente desconhecido em Israel e não se sabia ao certo se ele compartilhava as mesmas posições pró-Israel dos demais aspirantes à Casa Branca.
Nesta quinta, os principais jornais israelenses colocaram Obama na capa. Um diário trazia a manchete "Um abraço para Israel". Outro citava Obama dizendo que "a segurança de Israel é sacrossanta". Em seu discurso, Obama citou e-mails circulando pela internet com falsas acusações com relação a uma suposta falta de simpatia por Israel. Ele qualificou as mensagens como "uma virulenta campanha de difamação".
Durante sua fala, Obama assegurou que não conversará com o grupo islâmico Hamas e, numa referência ao Irã, assegurou que sempre terá "na mesa a opção de uma ação militar para defender a segurança dos Estados Unidos e do aliado Israel". Ele chegou inclusive a afirmar que "Jerusalém continuará sendo a capital de Israel e deve permanecer sem ser dividida", indo muito além do apoio de Bush, um aliado do Estado judeu.
Palestinos
A fala revoltou dirigentes palestinos. "Os candidatos americanos não podem ser mais israelenses do que os próprios israelenses", declarou o negociador palestino Saeb Erekat. "Essa é a pior coisa a nos acontecer desde a Guerra dos Seis Dias (travada em 1967). Ele deu munição aos extremistas da região. O que realmente mais me desaponta é que alguém como Barack Obama, que tem a palavra 'mudança' como lema de campanha, não age assim quando se trata do Estado palestino;.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmud Abbas, rejeitou a declaração de Obama. "Não aceitamos um Estado palestino independente sem Jerusalém (Oriental) como capital. Creio que isso esteja claro". Tanto israelenses quanto palestinos reivindicam Jerusalém como capital. A cidade - sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos - foi capturada por Israel em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.