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Células-tronco são arma contra doença neurológica

Estruturas extraídas de fetos humanos repovoam sistema nervoso central de ratos com mielina e eliminam sintomas

Pela primeira vez na história da medicina e com a ajuda das células-tronco, especialistas norte-americanos curaram ratos portadores de condições neurológicas similares a uma doença fatal entre crianças. A conquista da ciência deve abrir novas perspectivas para o tratamento da esclerose múltipla e de leucodistrofias pediátricas. A equipe do neurocientista Steve Goldman, chefe da Divisão de Terapia Celular e Gênica da Universidade de Rochester, aplicou uma injeção com 300 mil células-tronco gliais ; estruturas capazes de regenerar o tecido nervoso ; no cérebro de 26 roedores acometidos por tremores. Dois meses depois, elas se multiplicaram e se espalharam por quase todo o sistema nervoso central. Durante vários meses, as células-tronco produziram mielina, substância esverdeada que cobre as células nervosas e tem papel importante na condução dos impulsos elétricos entre neurônios e nervos. A falta de mielina leva a algumas doenças neurodegenerativas. Dos 26 ratos tratados com células-tronco, três quartos morreram com convulsões, e seis tiveram uma sobrevida maior que o esperado. Quatro roedores viviam um ano após o fim do tratamento, livres de todos os sintomas. Em entrevista ao Correio, Goldman explicou que as cobaias tinham um distúrbio parecido com a doença de Pelizaeus-Merzbacher, transtorno progressivo de desmielinização. ;As células-tronco gliais foram retiradas do cérebro de fetos humanos;, comentou o autor da pesquisa. ;A estratégia serve para o tratamento de doenças pediátricas resultantes da falta de mielina, de formas de paralisia cerebral e de adrenoleucodistrofia (desordem que degenera a bainha de mielina).; De acordo com Goldman, a pesquisa deverá ser ;muito relevante; para a esclerose múltipla, a mielite transversa e a neurite ótica ; inflamação do nervo ótico. ;A esclerose múltipla é um alvo mais difícil por compreender um processo inflamatório autoimune e a morte de neurônios;, comentou. A expectativa é de que os testes com humanos comecem em 2010.