LA PAZ - Beni e Pando, que neste sábado (31/05) realizam referendos de autonomia, são, ao lado de Santa Cruz e Tarija, os departamentos da Bolívia que lutaram pela descentralização política e econômica, apesar da oposição do governo de Evo Morales, que considera essas iniciativas como separatistas. Os departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando (que somam 80% do PIB boliviano) vêm realizando nos últimos anos uma cruzada para conquistar sua autonomia.
No entanto, a batalha travada por essas quatro regiões - às quais se uniram de maneira mais hesitante os departamentos de Chuquisaca e Cochabamba- tem seus antecedentes nos anseios de quase todo o país pela descentralização do poder de La Paz. As exigências regionais têm como objetivo fazer com que as políticas públicas locais sejam definidas nos departamentos e obter uma participação maior na tomada de decisões, assim como a elaboração de mecanismos para uma melhor redistribuição dos impostos ou da riqueza proveniente da mineração, da exploração de petróleo e dos recursos florestais.
Graças às pressões dos departamentos, em julho de 2006 a Bolívia foi a referendo para aprovar as autonomias regionais. Na consulta o "Sim" obteve apoio nos departamentos de Santa Cruz (71,1%), Beni (73,8%), Tarija (60,8%) e Pando (57,7%) e foi rejeitado em La Paz, Cochabamba, Chuquisaca, Oruro e Potosí. Em dezembro de 2007, a Assembléia Constituinte incorporou as autonomias na nova Carta Magna, mas em cinco regiões não houve consenso nacional, e as quatro que apoiaram a autonomia em 2006 decidiram ir a novos referendos populares.
Santa Cruz, o motor da economia boliviana, realizou seu referendo no dia 4 de maio, com 85% dos votos pelo "Sim". Pando e Beni farão seus referendos neste domingo e Tarija o fará em 22 de junho. O governo de Evo Morales considera que por trás das consultas nos departamentos há desde afãs secessionistas até a intenção de suas elites de controlar o poder local.