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Greve na Argentina provoca racionamento de energia

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Buenos Aires - Enquanto o governo da presidente Cristina Kirchner mergulha na crise com os produtores agropecuários, diversos outros problemas estão agravando-se na economia argentina. No sul do país, o governo enfrenta há 29 dias um duro conflito sindical que está paralisando o fornecimento de 10% da produção nacional de gás e levou ontem à redução drástica do abastecimento de 300 indústrias nas principais cidades da Argentina. O racionamento poderia prolongar-se até o início da semana que vem. Os trabalhadores da indústria de gás e petróleo, que ocuparam as plantas de gás no feudo político dos Kirchner, a província de Santa Cruz, exigem aumentos salariais de 40%. Neste mês de greve, as empresas petrolíferas registraram prejuízos de US$ 400 milhões. Os industriais temem que o racionamento possa se agravar nas próximas semanas, já que o frio está apenas começando. No ano passado, o racionamento foi aplicado às indústrias ao longo dos meses de junho, julho e agosto. Por causa da escassez, o governo da presidente Cristina ordenou a redução das exportações de gás para o Chile, cujo mercado possui elevada dependência do gás argentino. O ministro da Energia chileno, Marcelo Tokman, admitiu que a Argentina somente enviou 500 mil metros cúbicos diários nesta semana, o equivalente à metade do programado. No ano passado, a redução drástica dos envios de gás, por parte da Argentina, levou os chilenos a um intenso racionamento de energia. Inflação A alta nos preços é outro dos problemas que o governo argentino não consegue deter, principalmente nas províncias do interior. Dados dos organismos estatísticos oficiais provinciais indicam que em várias regiões a inflação superou a faixa de 3% em abril, proporção que quase quadruplica o anúncio do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), que sustenta que o índice inflacionário do mês passado foi de 0,8%. O Indec, sob forte intervenção do governo desde janeiro do ano passado, é suspeito de "maquiar" o índice de inflação. Por este motivo, o índice elaborado por várias províncias é considerado mais verossímil. A população sente os efeitos da inflação e da desaceleração da atividade econômica. Uma pesquisa da TNS Gallup e a Universidade Católica Argentina (UCA) indica que seis de cada dez argentinos afirmam que, com seus atuais salários, "é impossível chegar ao fim do mês". Em setembro do ano passado, a proporção era inferior, já que quatro da cada dez argentinos reclamava de suas rendas mensais. Venezuela O governo Cristina emitiu um novo bônus nesta semana - no total de US$ 1,36 bilhão - que foi adquirido pela Venezuela, a tradicional compradora dos títulos da dívida pública argentina. O bônus emitido é o Boden 2015, em dólares, com vencimento em sete anos. Com esta compra, desde maio de 2005 o governo do presidente Hugo Chávez já comprou US$ 7,66 bilhões em bônus argentinos.