SANTIAGO - O juiz Víctor Montiglio, na mais ampla ordem judicial expedida no Chile por violação dos direitos humanos, determinou a detenção de 98 ex-agentes da ditadura de Augusto Pinochet, por participarem da Operação Colombo, que resultou na morte de 119 opositores do regime militar em 1975.
Montiglio também abriu um novo processo contra 13 militares, três deles membros da cúpula da Direção de Inteligência Nacional (DINA), o ex-general Manuel Contreras, o chefe da temida polícia política que atuou nos primeiros anos da ditadura, e os brigadeiros Miguel Krassnoff Martchenko e Marcelo Moren Brito, que já estão presos, condenados por outras acusações de violação dos direitos humanos.
Os detidos serão levados para a penitenciária especial de Punta Peuco e ao presídio de Santiago 1, disse nesta segunda-feira (26/05) o Ministro da justiça, Carlos Maldonado.
Operação Colombo
Pinochet, que morreu em dezembro de 2006, foi processado e esteve em prisão domiciliar por este caso de violação dos direitos humanos durante seu regime (1973-1990), que deixou mais de 3.000 vítimas. A Operação Colombo - assim batizada pelo próprio regime - foi um grande plano de encobrimento das denúncias internacionais contra a ditadura chilena em razão do desaparecimento de centenas de opositores.
Segundo informações oficiais, publicadas na imprensa controlada pelos militares, os corpos de 119 membros do MIR e de outras organizações haviam aparecido na Argentina e no Brasil depois de enfrentamentos entre os próprios grupos de esquerda, em razão de disputas internas.
A notícia apareceu pela primeira vez no único número de uma revista chamada Lea, que circulou na Argentina em 15 de julho de 1975. Tinha a estrutura de uma reportagem, com o título La vendetta de la izquierda chilena (A vingança da esquerda chilena), que informava sobre os assassinados dos 60 membros do MIR.
Uma informação similar foi publicada uma única vez pelo jornal O Dia, do Rio de Janeiro, com uma lista de outros 59 chilenos mortos em brigas internas de grupos de esquerda.