WASHINGTON - A sonda Phoenix da Nasa enviou à Terra nesta segunda-feira (26/05) fotos inéditas do Pólo Norte de Marte após aterrissagem quase perfeita como parte da missão mais ambiciosa já realizada até hoje em busca de sinais de possíveis formas de vida passadas ou presentes no planeta vermelho. As primeiras fotos da sonda deram a primeira noção das planícies do Ártico do planeta: uma paisagem desolada de solo pedregoso e congelado.
As imagens também confirmaram que os painéis solares indispensáveis para a provisão de energia à sonda foram instaladas corretamente, assim como os mastros da câmara e a estação climática. Os cientistas esperam que esse céu marciano tenha um permafrost rico em água, ao alcanço do braço robótico da sonda.
"Ver essas imagens após uma aterrissagem bem-sucedida reafirma o trabalho consciente nos últimos cinco anos de uma grande equipe", disse Barry Goldstein, diretor do projeto Phoenix no centro de controle da missão do Jet Propulsion Laboratory (JPL) em Pasadena, Califórnia (oeste).
Após uma viagem de nove meses, na qual percorreu 679 milhões de quilômetros, a sonda Phoenix aterrissou em uma área relativamente plana, segundo Goldstein. Sinais de rádio recebidos no domingo às 19h53 (20h53 de Brasília) confirmaram que a nave havia sobrevivido a sua difícil descida final. "Pela primeira vez em 32 anos, e somente pela terceira vez na história, uma equipe do JPL conseguiu realizar uma aterrissagem suave em Marte", disse em um comunicado o diretor da Agência Espacial Americana, Nasa, Michael Griffin, classificando a façanha de "incrível".
Como estava planejado, a Phoenix deixou de transmitir sinais um minuto depois de aterrissar e centrou sua energia limitada na abertura seus painéis solares e na realização de outras atividades críticas. Ainda resta outra importante tarefa, que é o uso do braço robótico da nave, planejado para terça-feira.
Esse braço articulado de 2,35 metros de largura foi desenhado para cavar até atingir uma profundidade de um metrô em busca de gelo e para aquecer amostras visando a detectar carvão e moléculas de hidrogênio essenciais para a vida. Também tem uma pequena câmara que captará imagens da área em torno da sonda e das amostras recolhidas pelo braço.
A Phoenix tem outra câmera, que a Nasa considera seus "olhos", na superfície da sonda, que lhe permite captar imagens panorâmicas de alta definição. A qualidade de definição dessa câmera ajudará os cientistas na Terra a terem imagens em três dimensões do trabalho realizado pelo braço robótico. Também pode ser girada para captar imagens que forneçam informações sobre as partículas atmosféricas.
A Phoenix cavará na superfície marciana durante três meses. Dado que a região polar de Marte está sujeita a mudanças de estação, os cientistas acreditam que -assim como na Terra- o ártico marciano pode esconder um registro de um clima mais quente e habitável. "Nossa missão é cavar", disse Peter Smith, principal pesquisador da missão Phoenix, da Universidade do Arizona, antes da aterrissagem. "Acreditamos que a matéria orgânica tem que ter existido pelo menos em uma época", produto de meteoritos e outros impactos, acrescentou.
A presença de água líquida e matéria orgânica significaria que foi uma "zona habitável", explicou. A Phoenix não estará sozinha. A Nasa também tem em solo marciano os robôs Spirit e Opportunity, que exploram a zona equatorial do planeta vermelho desde 2004.