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Primeiro-ministro britânico recebe o Dalai Lama como líder espiritual

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LONDRES - O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, recebeu nesta sexta-feira (23/05) o Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano, mas evitou se encontrar com ele na residência oficial de Downing Street para não ferir a susceptibilidade política da China. O encontro, ponto culminante da visita de onze dias do Dalai Lama à Grã-Bretanha, foi realizado no Palácio de Lambeth, em frente ao Parlamento de Westminster, na residência do arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, chefe da Igreja anglicana. As atividades internacionais do Dalai Lama causam irritação à China, que acusa o Prêmio Nobel da Paz de promover planos separatistas. Os predecessores de Brown, o trabalhista Tony Blair e o conservador John Major, na época receberam o Dalai Lama na residência oficial do chefe de governo. A recepção no Palácio de Lamberth dá a idéia de um encontro espiritual, desprovido de conotações políticas, segundo os críticos. Brown pretende assim jogar nos dois times, mostrando que apóia a causa dos direitos humanos no Tibete, mas sem irritar o regime comunista chinês. Em entrevista, o líder tibetano, que vive no exílio na Índia desde a rebelião de 1959, classificou seu primeiro encontro com Brown de "muito bom" e disse que o primeiro-ministro mostrou "preocupação autêntica" com a situação no Tibete. Além disso, ele prevê que haverá "muito sofrimento" e novas e "graves manifestações" caso as conversas com Pequim em nada resultem. Haverá "um imenso sofrimento, muito triste. Também haverá muitas baixas do lado chinês", insistiu, aconselhando a China a lidar "de maneira realista" com as queixas tibetanas. O Reino Unido é o primeiro investidor europeu na China. Londres e Pequim anunciaram em janeiro a meta de 41 bilhões de euros em 2010 em intercâmbios comerciais. Downing Street descreveu o encontro como uma "reunião inter-religiosa com vários chefes espirituais", entre os quais figurava monsenhor Williams. Dezenas de pessoas pró-China e budistas dissidentes manifestaram-se diante do palácio. Na quinta-feira, cerca de outras mil protestaram também e clamavam: "O Dalai Lama não é Deus nem rei do Tibete".