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Exército vai às favelas para conter xenofobia

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Tavengwa Dahwa, de 28 anos, enfrenta o medo de se tornar estatística de um vergonhoso fenômeno na África do Sul. Desde o último dia 11, pelo menos 42 imigrantes foram assassinados com requintes de selvageria. Alguns deles agonizaram com um pneu em chamas em volta do pescoço, método semelhante ao usado pelos traficantes das favelas do Rio de Janeiro. Mas a crueldade não pára por aí: além de saquearem as casas e lojas de estrangeiros, moradores da periferia de Johannesburgo também utilizam o estupro como arma. Dahwa nasceu no Zimbábue e escolheu a capital econômica sul-africana para fazer e vender suas esculturas com arame e bolhas de vidro. Quando chegou à cidade, em 2002, tinha perspectivas de prosperidade econômica e criou 10 empregos para a população local. Agora, ele coloca sua segurança nas mãos do Exército do país. ;Somos todos africanos e merecemos ser tratados como seres humanos também;, afirmou ao Correio, pela internet. ;O que está ocorrendo aqui é uma limpeza de imigrantes.; Para tentar deter a barbárie, o presidente Thabo Mbeki ordenou que soldados patrulhem as townships (favelas), em cooperação com policiais de elite. De acordo com o jornal sul-africano The Times, a Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF) usará helicópteros para o deslocamento de tropas e revistará suspeitos nas regiões mais críticas. ;Isso não é uma guerra contra o povo;, assegurou Andre Pruis, vice-comissário de polícia nacional. ;O Exército só será usado em ações específicas e por um prazo limitado;, prometeu. Em visita a Paris, Jacob Zuma ; presidente do partido Congresso Nacional Africano e virtual sucessor de Mbeki ; saudou a decisão do governo. ;É preciso tomar medidas para proteger vidas;, declarou, por meio de um comunicado. A ordem de Mbeki não foi suficiente para apaziguar os ânimos. A onda de violência, antes concentrada em Alexandra, Diepslout e Germiston (enclaves de Johannesburgo), se espalhou para as cidades de Pretória e Durban, respectivamente a 50km e 380km da capital econômica. Os 25 mil imigrantes que abandonaram suas casas retornaram a seus países ou buscaram refúgio em delegacias e hospitais. O governo pretende construir cidades com barracas em terras desabitadas para acomodar quem preferiu ficar em Johannesburgo.