ZUGDIDI - O presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, proclamou nesta quinta-feira (22/05) a vitória de seu partido, o Movimento Nacional Unido, nas eleições legislativas realizadas na véspera, em declarações a um grupo de jornalistas, em Zugdidi, no oeste do país. "As eleições foram livres e justas. Espero que os observadores internacionais confirmem isso, mas o mais surpreendente é a vitória esmagadora do partido governante", disse Saakashvili à imprensa na cidade de Zugdidi.
O presidente georgiano destacou que "globalmente, obtivemos o que equivale a uma maioria constitucional". Segundo as pesquisas de boca-de-urna, o Movimento Nacional Unido, de Saakashvili, venceu com mais de 63% dos votos, contra apenas 14% para o Conselho Unido da Oposição. A oposição foi às ruas de Tbilisi para protestar contra o resultado das pesquisas, e dirigentes opositores prometerem reunir milhares de pessoas para repudiar o que chamam de "armação" eleitoral.
"A pesquisa de boca-de-urna é um primeiro sinal de que essas eleições foram arranjadas", disse Levan Gachechiladze, um dos líderes do Conselho da Oposição Unida, que reúne nove partidos. A sondagem foi divulgada pouco depois do fechamento dos colégios eleitorais, às 20h local (13h de Brasília). "A luta continua. Nosso objetivo é libertar a Geórgia deste regime", declarou David Gamkrelidze, líder de um dos nove partidos da coalizão opositora, o Partido dos Novos Direitos.
Segundo as pesquisas, conseguiram votos para ter representação no Parlamento o partido do presidente, a coalizão de Gachechiladze, o Partido Democrata-Cristão (mais de 8%) e os Trabalhistas (cerca de 5%). Apesar da votação ter sido tranqüila na capital, as autoridades da Geórgia acusaram os rebeldes da região separatista pró-Rússia da Abkhásia de atirar contra eleitores que tentavam chegar ao território controlado pela Geórgia.
Segundo o ministério do Interior do país, quatro pessoas ficaram feridas, uma gravemente, por "granadas e tiros de fuzil". O "presidente" da Abkhásia, Sergi Bagapch, que está em Moscou, desmentiu a informação. "Não temos nenhum motivo para realizar semelhantes ataques. Dois carros de eleitores não iriam modificar a situação política. Já estamos fartos dessas cenas dignas de Hollywood", afirmou.
A tensão política é alta na Geórgia após a violenta repressão das manifestações da oposição em novembro e das denúncias de fraude presentes nas eleições presidenciais de janeiro. A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) enviou 550 observadores e na quinta-feira irá comunicar seu parecer sobre a votação.